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Goleiro Aranha diz ter pena de torcedora gremista

"Parecia que eles iriam saltar as grades e vir para cima. Estava preparado para o que der e viesse", disse o goleiro santista em entrevista


	Goleiro Aranha: "eu sei que muitas vezes não sou aceito, sou tolerado porque sou goleiro do Santos ou tenho um carro bonito"
 (Getty Images/Ricardo Ramos)

Goleiro Aranha: "eu sei que muitas vezes não sou aceito, sou tolerado porque sou goleiro do Santos ou tenho um carro bonito" (Getty Images/Ricardo Ramos)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 09h41.

São Paulo - O goleiro Aranha confessou que tem pena da torcedora gremista Patrícia Moreira, identificada como uma das autoras dos xingamentos racistas direcionados a ele na partida entre Santos e Grêmio no meio de semana, em Porto Alegre, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

"Essa moça deveria nunca mais pisar em um estádio, a principal punição tem de ser essa. Eu tenho dó dela, como ser humano, e pelas consequências disso tudo", disse, em entrevista para a TV Globo.

Ele garante estar indignado pela passividade do público presente no estádio em relação aos torcedores que apresentaram comportamento racista.

"A minoria manda? Se tinha duas mil pessoas lá atrás do gol e apenas cinco tomando essa atitude, porque não cobraram delas uma postura melhor?", questionou.

Aranha também contou que pensou que poderia acontecer até um confronto físico com os torcedores, porque ele pôde ver a raiva no rosto dos gremistas que imitavam macaco.

"Parecia que eles iriam saltar as grades e vir para cima. Estava preparado para o que der e viesse. Geralmente, a gente escuta e finge que não ouve. Mas quando começaram a emitir som de macaco, não aguentei. Às vezes tem de dar uma de louco senão ninguém faz nada", disse.

O goleiro do Santos explicou que já sofreu discriminação em outros momentos e que isso é uma realidade bem presente na vida de muitos brasileiros.

"Eu sei que muitas vezes não sou aceito, sou tolerado porque sou goleiro do Santos ou tenho um carro bonito. Já morei em prédios que não me davam nem bom dia", explicou, citando ainda Martin Luther King.

"Ele falava que tinha um sonho que todas as pessoas fossem julgadas não pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter."

Em Porto Alegre, a diretoria do Grêmio promoveu manifestações contra o racismo, mas mesmo assim um pequeno grupo cantou músicas com a palavra "macaco", para xingar o rival Internacional, durante o jogo de domingo com o Bahia na Arena Grêmio, e recebeu vaias do restante do público.

O técnico Luiz Felipe Scolari também falou sobre o episódio lamentável no meio da semana. "Acho isso uma aberração, uma tristeza para nós. Acho que a população, o governo, todos precisam dar uma basta, um chega para acabar essa bobagem. Cor não quer dizer nada, o que quer dizer é o caráter. É um absurdo", disse.

Apesar do esforço dos dirigentes para limpar a imagem do Grêmio, o clube será julgado na quarta-feira pelo STJD e pode, inclusive, ser eliminado da Copa do Brasil por causa da postura de seus torcedores. Já Patricia Moreira será intimada a prestar depoimento nesta semana.

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