Fux: (TSE/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de março de 2018 às 12h50.
Última atualização em 28 de março de 2018 às 12h52.
São Paulo - Preocupado com a proliferação de notícias falsas na próxima campanha, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, informou na noite desta terça-feira (27) que vai pedir uma investigação de empresas que produzem fake news no Brasil.
Fux também disse que vai convidar para uma conversa o representante no Brasil da empresa britânica Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha de 2016 do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"A notícia que recebemos é que há representante da Cambridge Analytica no Brasil, então, vamos querer saber basicamente duas coisas: o que eles estão vendendo e para quem", disse Fux a jornalistas, depois de participar da sessão plenária do TSE. "É um convite, não é uma intimação, mas já é uma atuação preventiva", completou o ministro.
A Cambridge Analytica entrou na mira de autoridades nos Estados Unidos e na Europa, sob a acusação de que obteve, de forma ilícita, dados pessoais de milhões de usuários do Facebook, o que teria ajudado na elaboração de estratégias de marketing digital que impulsionaram a campanha de Trump à Casa Branca e o referendo que decidiu pela separação do Reino Unido da União Europeia.
Em uma rápida conversa com repórteres, Fux também disse que o TSE vai atuar em parceria com o Ministério Público e a Polícia Federal no combate à disseminação de notícias falsas nas próximas eleições.
"Por exemplo, suponhamos que você sabe que ali tem um equipamento que vai ser utilizado pra difusão de fake news. Esse equipamento precisa ser apreendido. O Ministério Público requer ao TSE a apreensão, mas quem apreende na prática é a Polícia Federal", comentou o ministro.
O presidente do TSE também vai pedir acesso a estudos elaborados pela USP e pela Fundação Getulio Vargas, que tratam respectivamente da proliferação de notícias falsas e da utilização de robôs em campanhas. "O TSE se comprometeu a atuar preventivamente e repressivamente, mas é muito melhor se conseguimos inibir a difusão das fake news", disse.
"Recebemos informação de que há grupos que estão, digamos assim, na ponta dessa profusão de fake news. Vamos instaurar um procedimento, que será remetido ao Ministério Público Eleitoral e o MP vai solicitar o auxílio da Polícia Federal para verificarmos qual tipo de material essas organizações têm à sua disposição", explicou Fux, que deixa o comando da Corte Eleitoral no dia 15 de agosto. Fux será sucedido na presidência do TSE pela ministra Rosa Weber.