Brasil

Funaro entregou a PF registros que comprovam ligações de Geddel

As ligações foram feitas via aplicativo de celular logo depois da publicação das primeiras informações sobre a delação premiada dos executivos da JBS

Polícia Federal: Funaro confirmou à PF que negocia uma delação premiada (Divulgação/Divulgação)

Polícia Federal: Funaro confirmou à PF que negocia uma delação premiada (Divulgação/Divulgação)

R

Reuters

Publicado em 21 de junho de 2017 às 21h41.

Brasília - O operador financeiro Lucio Funaro entregou à Polícia Federal registros de pelo menos 12 ligações do ex-ministro Geddel Vieira Lima para sua esposa, Raquel, para corroborar o que disse em seu depoimento, de que Geddel havia tentado sondá-lo para saber de sua disposição em fazer uma delação premiada.

As ligações foram feitas via aplicativo de celular - mais difícil de ser grampeada - entre os dias 17 de maio e 1º de junho deste ano, sendo que a primeira aconteceu logo depois da publicação das primeiras informações sobre a delação premiada dos executivos da JBS pelo jornal O Globo.

As imagens da tela do celular da esposa de Funaro foram entregues à PF com a descrição de serem ligações entre a esposa de Funaro e "Carainho" --nome sob o qual Geddel estava registrado no celular. O número que aparece nas ligações é efetivamente o do ex-ministro do governo Temer.

A primeira ligação feita para a esposa do operador financeiro --tratado como homem de confiança da cúpula do PMDB-- aconteceu às 22h59 do dia 17 de maio. A primeira nota sobre a gravação que Joesley Batista, da JBS, fez do presidente Michel Temer saiu pouco depois das 19h. Uma segunda ligação foi feita na madrugada do dia 18. Dois dias depois, mais uma ligação, às 10h33.

Funaro confirmou à Polícia Federal, no mesmo depoimento, que negocia uma delação premiada.

Dentro do mesmo processo, que investiga Michel Temer por corrupção passiva, participação em organização criminosa e obstrução da Justiça, o advogado Francisco de Assis e Silva, do grupo JBS, confirma a preocupação de Geddel com uma possível delação de Funaro.

Silva afirma que o ex-ministro sempre lhe perguntava como esta o "passarinho", como se referia a Funaro, e se estaria sendo "bem cuidado". Geddel também perguntava se estava tudo certo entre Lucio Funaro e Joesley e se os pagamentos mensais estavam sendo mantidos", disse o advogado em seu depoimento.

"Que trocou inúmeras mensagens com Geddel acerca de Lúcio Bolonha Funaro com a pergunta frequente: 'oi, tudo bem? Como esta o passarinho'."

Os dois usariam o aplicativo de mensagens Telegram, que permite que os textos sejam destruídos logo depois de serem lidos. Por isso Silva não teria cópia das mensagens.

Silva disse ainda que Geddel teria lhe contado que falava sempre com a esposa de Funaro para saber notícias do operador.

Joesley Batista, que também depôs no mesmo processo, confirma a versão de Silva. Contou que falou por diversas vezes com Geddel, que sempre perguntava sobre o "passarinho". Segundo o empresário, "este interesse era sempre ligado ao receio de que Lucio Bolonha Funaro viesse a fazer colaboração premiada", segundo o depoimento.

Geddel é apontado por Joesley e pelos outros delatores da JBS como o homem que fazia a ligação entre Temer e o empresário. Depois de o ministro deixar o governo, acusado de pressionar pela liberação de uma obra em Salvador onde tem um apartamento, Joesley teria passado a tratar com Rodrigo Rocha Loures, então assessor especial de Temer.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaJBSJoesley BatistaJustiçaPolícia Federal

Mais de Brasil

Nova onda de frio chega ao País: saiba o que esperar do clima nos próximos dias

Eleições municipais: restrições entram em vigor a partir deste sábado

Polícia encontra parte dos produtos radioativos furtados em São Paulo

As 10 cidades brasileiras com melhor qualidade de vida

Mais na Exame