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Fracasso de Temer é única salvação de Dilma, diz consultor

Para diretor da Pulso Público, afastamento provisório de Dilma Rousseff é inevitável. A partir daí futuro da petista depende de sucesso ou fracasso do vice


	Dilma Rousseff e Michel Temer durante eleições 2014: fracasso dele em eventual governo provisório pode ser única salvação do mandato dela
 (Cadu Gomes/Divulgação)

Dilma Rousseff e Michel Temer durante eleições 2014: fracasso dele em eventual governo provisório pode ser única salvação do mandato dela (Cadu Gomes/Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 26 de abril de 2016 às 10h32.

São Paulo – Com a eleição da comissão especial que irá analisar a denúncia de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff no Senado, agora é questão de dias para que o plenário da Casa decida se a petista deve ou não ser afastada provisoriamente do cargo.

Para Marcelo Issa, diretor da Pulso Público, a abertura do julgamento contra a presidente  no Senado e seu consequente afastamento por até 180 dias é inevitável.

A partir daí as chances de Dilma salvar o próprio mandato – que já eram baixas – podem se reduzir drasticamente.

“A presidente perde a caneta, ela deixa de ter o poder de nomear ministros e distribuir cargos”, afirmou o especialista em entrevista transmitida ao vivo por EXAME.com na tarde de hoje.

Em contrapartida, todas essas armas – antes à disposição do governo do PT – migram para as mãos do vice Michel Temer, o principal beneficiado com uma possível abreviação do mandato de Dilma Rousseff.

Nesse cenário, a missão de livrar o governo petista do impeachment torna-se praticamente insustentável – a menos que o peemedebista fracasse no papel de chefe do Executivo.

“A única tábua de salvação de Dilma seria um grande fracasso do governo provisório do vice-presidente”, disse o diretor da Pulso Público.

“Caso ele não demonstre a mínima capacidade de articulação política, de implementação das medidas necessárias para a superação da crise, poder-se ia eventualmente pensar em uma sobrevida da presidente Dilma neste processo de impeachment”.

No entanto, segundo o especialista, são baixas as chances dessa hipótese sair do campo das ideias – já que os partidos da oposição dão sinais de empenho para o sucesso de um eventual governo Temer.

Isso não significa, contudo, que o vice pode esperar por um possível mandato fácil.

A começar pela necessidade de aprovar medidas impopulares no Congresso com o intuito de colocar a economia de volta aos trilhos, tendo o Partido dos Trabalhadores como principal líder da oposição.

Mas não só.  Em um eventual mandato, o peemedebista deve enfrentar também a aversão das ruas. “Teremos uma parcela importante da sociedade que se sentirá golpeada com o impeachment”, disse. 

Em entrevista recente, Guilherme Boulous, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), prometeu que Brasil não terá um dia de paz se mandato de Dilma foi abreviado.

Mas, na opinião do especialista, se a presidente sair vitoriosa do processo e se manter no poder, é ela quem não pode esperar por paz até o fim programado de sua gestão.

“Caso ela sobreviva a esse processo, ela não sobrevive até 2018. Existem outros pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados. Existe, com cada vez mais força, um movimento pela convocação de novas eleições e o desgate de um governo que conta com 70% de rejeição na Câmara dos Deputados torna inviável a recomposição de uma base de apoio”, disse. 

Veja a íntegra da entrevista que ele concedeu a EXAME.com nesta tarde: 

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