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Fora do campo, Natal enfrenta greves, atos e calamidades

Além da mobilização dos servidores e movimentos sociais, a cidade convive com a paralisação de guardas municipais e de rodoviários


	Arena das Dunas: jogo e movimentos ocorrem no dia em que prefeitura decretou estado de calamidade pública
 (Wkimedia Commons)

Arena das Dunas: jogo e movimentos ocorrem no dia em que prefeitura decretou estado de calamidade pública (Wkimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 20h03.

Brasília - A menos de três horas do início da partida entre os Estados Unidos e Gana, na Arena das Dunas, em Natal, servidores públicos e movimentos sociais do Rio Grande do Norte fizeram ato crítico aos gastos com a Copa do Mundo, em um cruzamento importante da cidade, a 2,5 quilômetros do estádio.

Segundo a polícia, 100 pessoas participam do ato pacífico na tarde de hoje.

“O protesto é contra a injustiça da Copa, porque o gasto que se teve, essencialmente por parte do poder público, se deu em detrimento do que deveria ser destinado para áreas como saúde e educação”, afirma Rosália Fernandes, do Sindicato dos Servidores em Saúde, uma das organizadoras do protesto.

Aproveitando a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, os manifestantes criticam o fechamento de espaços públicos para serem usados pela seleção norte-americana, como parte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, usada para treinamento do time, bem como a política de segurança adotada no Mundial, que consideram ostensiva.

A Secretaria de Segurança Pública informou que o esquema de segurança do vice-presidente não foi alterado devido aos protestos.

Além da mobilização dos servidores e movimentos sociais, a cidade convive com a paralisação de guardas municipais e de rodoviários.

Motoristas e cobradores do transporte urbano pedem o reajuste salarial de 16% e a elevação do valor do vale-alimentação de R$ 197,35 para R$ 450,00.

Para viabilizar a circulação de moradores e turistas, a prefeitura autorizou a circulação de veículos de transporte alternativo, como vans e micro-ônibus.

Segundo determinação do Tribunal Regional do Trabalho, 70% dos ônibus têm de estar nas ruas nos horários de maior movimento, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato. Nos outros horários, a frota tem de ser mantida em 50%.

Os guardas municipais querem que seja enviada para a Câmara de Vereadores uma proposta de Plano de Carreiras e Salários.

Presidenta do Sindicato dos Guardas Municipais, Margareth Vieira relata que a greve teve início no dia 5 de junho, depois de mais de um ano de debate sobre o plano e outras reivindicações da categoria, como o pagamento do seguro de vida.

“A única alternativa que nos restou a greve”, disse.

Na manhã desta segunda-feira (16), os guardas fizeram ato em Natal, ao lado dos policiais civis que, embora não tenham paralisado as atividades, mantêm uma agenda de mobilização nos dias da Copa.

“Nós fizemos uma carreata, depois um ato com panfletagem, quando dialogamos com a população sobre a segurança pública”, informou Margareth.

Ela avalia que o dinheiro gasto com a Copa poderia representar mais investimento em trabalhadores e no serviço público.

“A gente vai ficar aqui nessa situação difícil pagando o preço da Copa. O povo não ganhou nada, só tem prejuízo, tanto quanto cidadão quanto como servidor público”, critica.

O jogo e os movimentos ocorrem no dia em que a prefeitura decretou estado de calamidade pública devido à chuva que atingiu a cidade entre quinta-feira (12) e domingo (15).

O decreto, publicado na edição de hoje do Diário Oficial do Município, registra que houve transbordamento em dez lagoas, entre as quais a chamada de São Conrado, que fica a cerca de 10 quilômetros do estádio.

“O que aconteceu em Natal, desde quinta, com as chuvas que desabrigaram centenas de pessoas, mostra que a prefeitura, a exemplo de outros governos, não tem investido em nenhuma obra de infraestrutura de fato. A prefeitura fez empréstimos para várias obras, em nome da Copa, mas priorizou aquelas voltadas para os turistas. As obras de drenagem sequer começaram e poderiam ter reduzido o alagamento da cidade”, disse Rosália Fernandes.

De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura, as obras do sistema de drenagem da Arena das Dunas envolveram quatro lagoas e pretendiam levar as águas para o Rio Potengi.

Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura informou que as obras foram iniciadas, mas não foram concluídas no tempo previsto por causa de problemas na execução do projeto.

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