Brasil

FMI diz que PIB de 7,5% no Brasil não é sustentável

Economistas estimam que PIB potencial do País está em torno de 4%

Nicolas Eyzaguirre, diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI (Robert Giroux/FMI)

Nicolas Eyzaguirre, diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI (Robert Giroux/FMI)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2010 às 14h13.

São Paulo - O diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolas Eyzaguirre, disse hoje que seria oportuno que o Brasil evite o superaquecimento da economia no próximo ano. "Um crescimento de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto) na atual conjuntura não é sustentável", afirmou.

Ele ressaltou que, com mudanças estruturais na economia, a fim de garantir um aumento da produtividade no médio prazo, pode ser que o PIB potencial do Brasil cresça. Muitos especialistas, entre eles o ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore estimam que o PIB potencial do País, atualmente, está em torno de 4%.

Otimista com as perspectivas de expansão do Brasil e o bom momento registrado pela economia, Eyzaguirre ressaltou que o principal desafio do País é manter o crescimento em bases sustentáveis por vários anos. "É preciso ter cuidado, porém, com o superaquecimento, pois ele pode trazer efeitos negativos. Entre eles, um avanço muito grande do consumo, o que pode elevar bem o déficit em transações correntes ao longo dos próximos anos", comentou.

Na avaliação de Eyzaguirre, o próximo governo deveria prestar atenção especial com o uso de "ferramentas" de administração de política econômica. Entre outras, ele fez menção especial à questão fiscal. "É bom não colocar combustível demais no foguete", disse, em referência aos gastos públicos que podem gerar uma expansão exagerada da economia.

Em palestra no evento Brazil Summit 2010, organizado pelo The Economist Group, Eyzaguirre comentou que não há problemas caso o Brasil registre nos próximos anos um déficit das contas externas inferior a 4% do PIB. Ele fez a afirmação logo após Pastore estimar que essa variável deve atingir 2,5% do PIB (US$ 50 bilhões) em 2010, avançando para uma marca entre 3,6% e 3,7% do PIB em 2011 (de US$ 75 bilhões a US$ 77 bilhões).


Eyzaguirre também destacou que o crescimento exagerado do nível de atividade pode trazer um problema preocupante, que é o risco do surgimento de uma bolha de crédito. Segundo ele, tal fato poderia surgir a partir de um expressivo aumento do consumo das famílias. No entanto, ele ponderou que o Brasil não passa por tal problema neste momento.

Controle de capitais

Nicolás Eyzaguirre disse ainda que não se opõe à adoção de controles de capitais por países que desejam evitar problemas cambiais a partir do forte ingresso de recursos externos. Ele ressaltou, porém, que tal postura deveria ser implementada após a adoção de várias "ferramentas" de política econômica, como a fiscal, a monetária e a cambial.

O diretor do FMI destacou que, durante sua experiência pessoal como autoridade do governo chileno, viu seu país adotar medidas de controle de capitais nos anos 90. Ao contrário de muitos analistas internacionais, ele elogiou a postura do governo brasileiro de ter permitido a valorização do real ao mesmo tempo em que viabilizou o crescimento da economia com inflação sob controle. "Se a moeda estivesse desvalorizada, o País poderia ser alvo de investidores para atacá-la através de ataques especulativos."

Eyzaguirre observou que, entre os principais desafios com os quais o Brasil precisa lidar no curto prazo, está o "vento a favor" de hoje em função dos altos preços das commodities e da excessiva liquidez internacional. Para isso, o executivo do FMI notou que é importante "administrar a política econômica", para preservar o crescimento sustentável do longo prazo.

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