Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em discurso no Senado (Carlos Moura/Agência Senado)
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Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 18h25.
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para disputar a presidência em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL) prepara uma série de agendas para fortalecer palanques estaduais e atrair o apoio de partidos de centro.
A prioridade é ter uma estrutura forte em São Paulo e garantir o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que sonhava em ser o escolhido do ex-chefe do Executivo federal para a corrida pelo Palácio do Planalto.
Para isso, Tarcísio foi um dos primeiros que Flávio procurou após fechar com o pai a candidatura para assumir o governo federal. O cálculo de duas pessoas próximas à família ouvidas sob reserva pela EXAME é que o governador paulista não terá saída e dará palanque ao senador enquanto tenta a reeleição.
A avaliação, porém, é que arrancar com força do estado mais populoso do país não será suficiente para vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), provável adversário no pleito.
Outro objetivo central de Flávio é tentar atrair partidos de centro como PP, União Brasil e Republicanos. As três legendas já haviam sinalizado que apoiariam Tarcísio caso ele fosse o candidato.
As siglas, porém, resistem ao primogênito do ex-presidente. Isso ficou claro na publicação do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, após o anúncio da candidatura do senador.
“Os últimos acontecimentos apenas reforçam o que sempre defendemos: em 2026, não será a polarização que construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro.Nosso caminho não é o do confronto estéril, mas o da construção”, afirmou.
O entorno de Flávio, porém, ainda alimenta esperança de conseguir o apoio do partido, que formou uma federação com o PP, o que obriga os dois a seguirem o mesmo caminho em 2026.
A leitura é que, apesar da pressão por Tarcísio, as legendas ficarão sem ter quem apoiar e ainda podem ceder e aderir ao nome bolsonarista. A formação de palanques estaduais fortes é considerada fundamental para demonstrar força e atrair esses apoios.
Nessa linha, manter a influência no Rio de Janeiro, onde Jair Bolsonaro venceu Lula no segundo turno de 2022 com 56,5% dos votos, é considerado fundamental. Nesse caso, Flávio deve se empenhar pessoalmente na formação de uma chapa forte, que deve contar com o governador Cláudio Castro (PL) como candidato a senador e um nome apoiado por ele para o governo fluminense.
A leitura é que o bolsonarismo tem uma fatia do eleitorado fiel e que, somado a apoios fortes nos estados, seria improvável que Flávio ficasse fora do segundo turno. Esse discurso, inclusive, é reverberado por pessoas próximas à família Bolsonaro para sustentar a tese de que os partidos de centro irão ameaçar com possíveis candidaturas, mas não levarão o projeto até o final.
A aposta mira principalmente o governador do Paraná, Ratinho Júnior, já anunciado pelo presidente do PSD como o nome da sigla na corrida presidencial de 2026. As dificuldades para emplacar o sucessor somado ao favoritismo dele na disputa ao Senado, dizem bolsonaristas, forçará Ratinho a recuar e garantir um mandato de oito anos no Congresso Nacional.
Com isso, PP, União Brasil e PSD ficarão ainda mais sem opção na disputa nacional e poderiam aceitar, de último hora, a indicação de Flávio como principal nome da direita no próximo ano.