Filtro transforma água barrenta de rios amazônicos em potável
Dispositivo foi apresentado durante fórum em São Paulo
Agência de Notícias
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 10h19.
Brasileiros que vivem naAmazônia sem acesso à água potável podem agora se beneficiar de um simples filtro capaz de transformar a água barrenta dos rios em límpida e livre de bactérias.
O dispositivo, que pode ser instalado em baldes ou garrafas de água e é produzido na China e nos Estados Unidos, contém uma membrana fina que remove 99,9% das bactérias e vírus, evitando os problemas gastrointestinais que são a principal causa de morte infantil no mundo.
“Está vendo como funciona rápido? E sai inodora, insípida e refrescante”, diz a diretora da ONG WATERisLIFE, Cote Terré, enquanto despeja a água suja através do filtro de 10 centímetros em um copo limpo.
A ativista chilena apresentou essa solução durante o 2º Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela Agência EFE durante dois dias e que terminou nesta quarta-feira em São Paulo.
“Significa uma tremenda mudança na qualidade de vida: as crianças podem ir à escola porque não ficam mais doentes, o orçamento familiar não é mais gasto com remédios ou médicos, e as mulheres também podem trabalhar porque não precisam se preocupar com crianças doentes”, declarou.
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Soluções como essa ou um canudo filtrante, também usado pela ONG, são particularmente eficazes em cenários como a grave seca que a Amazônia está enfrentando, pois a concentração de poluentes na água aumentou à medida em que o fluxo dos rios caiu para mínimos históricos.
“Não se trata de ir às comunidades indígenas e ribeirinhas e distribuir filtros, sem mais nem menos. É preciso construir relações de confiança, treinar os habitantes para que a solução seja sustentável e tenha impacto”, disse Terré.
A eficácia do filtro tem seus limites, reconhece a ativista; ele não é eficaz em água salgada ou com alta presença de produtos químicos ou dejetos humanos, como é o caso dos rios em zonas urbanas.
Além disso, devido à sua vida útil de apenas cinco anos, o dispositivo não resolve o problema do acesso à água potável a longo prazo, mas deve ser complementado por sistemas de filtragem de poços com maior capacidade e resistência.
“Temos que analisar e saber para qual comunidade estamos indo. Há algumas comunidades que são muito dispersas, mas há outras que são mais unidas e nelas podemos colocar um sistema de filtragem do qual todos que moram ao redor possam se aproximar”, conclui Terré.
O fórum foi patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e pela empresa Norte Energia, operadora de Belo Monte, a quinta maior usina hidrelétrica do mundo, e contou com o apoio da Vivo e da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.