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Fifa e polícia do Rio entram em conflito após escândalo

A entidade criticou o comportamento dos policiais por revelar detalhes das operações contra cambistas à imprensa

Ingressos para jogos da Copa: polícia investiga esquema de cambistas que envolveria a Fifa (AFP/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2014 às 21h39.

Rio - A Fifa e a polícia do Rio entram em confronto aberto por conta do escândalo dos cambistas.

Neste sábado, a entidade criticou o comportamento dos policiais por revelar detalhes das operações contra cambistas à imprensa e diz que o nome da pessoa que as autoridades estão buscando não trabalha para a entidade e é, na verdade, um cambista que já está preso e que atuava dentro do Copacabana Palace.

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Mas, à reportagem, a polícia negou a versão da Fifa e diz que a pessoa que estão buscando sequer é conhecida ainda da entidade.

Neste sábado, a Fifa ainda descartou punir Julio Grondona, vice-presidente da Fifa, depois da revelação de que um de seus ingressos foi pego com cambistas.

Na terça-feira, a polícia revelou que prendeu onze cambistas em uma megaoperação e que mostrava a ligação dessas pessoas com funcionários da Fifa. Se não bastasse, um ingresso em nome de Grondona acabou aparecendo nas mãos de cambistas.

A irritação da Fifa com a polícia é escancarada. Segundo Thierry Weil, diretor de marketing da Fifa, a polícia entregou para ele apenas uma parte das informações do processo da operação, enquanto vaza pela imprensa detalhes do caso que sequer os cartolas conhecem.

A polícia busca uma pessoa que estaria trabalhando dentro da entidade e que era o contato da quadrilha. Mas as autoridades têm resistido em dar o nome do suspeito, justamente para poder desvendar o esquema.

Pressionado pela imprensa a dar explicações, Weil não poupou as autoridades e decidiu que revelaria ele mesmo o nome da pessoa que a polícia está buscando. "Ele se chama Roger", disse o diretor da Fifa. Mas ele rejeitou a tese de que a pessoa seja funcionário da entidade. Para a entidade, essa pessoa já foi presa pela própria polícia e era um cambista que também atuava dentro do Copacabana Palace, onde a Fifa mantém seus escritórios.

"Acho que a polícia não se fala entre si", ironizou Weil. "Eles estão buscando alguém que já está preso", disse. "Há uma discrepância entre o que diz para a imprensa e para nós", declarou. "Se a polícia fala sobre uma investigação que está sendo feita, não sei se é a forma mais correta. Na Europa isso não ocorre", atacou Weil, que garante que, até agora, ninguém de dentro da Fifa foi procurada pela polícia.

A reportagem apurou que o nome dado por Weil para a imprensa sequer é a identidade real da pessoa que a polícia está procurando. As autoridades estão mantendo o nome em sigilo justamente para evitar que o suspeito deixe o Brasil ou tenha qualquer tipo de colaboração com a Fifa para escapar.

Grondona

A Fifa ainda reagiu negando qualquer envolvimento de Grondona com grupos de cambistas. Um ingresso para a partida Argentina x Suíça foi identificado no mercado ilegal, o que seria um crime.

Mas a Fifa fez questão de abafar o caso. Primeiro, Weil declarou aos jornalistas que a família Grondona seria questionada pela notícia. Logo depois, admitiu que eles já haviam conversado com o vice-presidente. Mas não sabia dizer o que foi a resposta. "Questionamos ele", admitiu. "Perguntamos a ele o que ocorreu", declarou.

A entidade, ao contrários das evidências, preferiu apenas acreditar nas palavras da família de que o ingresso havia sido "dado" a amigos. "Se ele disse que deu a alguém, você precisa acreditar nisso", disse. Mas, a uma rede de televisão na Argentina, o filho de Grondona admitiu que havia revendido a entrada.

Segundo Weil, o ingresso de Grondona não faz parte da operação do Rio. O jornal "O Estado de S. Paulo", em sua edição de sexta-feira, havia feito essa revelação.

A Fifa, porém, insiste que vai abrir ações legais contra as empresas que compraram pacotes de camarotes da Match, a única empresa com direitos de vender os ingressos VIP. Na operação, companhias que foram identificadas como parte do esquema compravam o pacotes e depois revendiam com preços bem superiores.

"Vamos tomar ações legais contra essas empresas", declarou Weil. Segundo ele, entre as empresas está a Reliance, com 58 pacotes, a Jetset, da Rússia, e a Atlanta, de Dubai, companhia do cambista Lamine Fofana.

Segundo ele, os ingressos apresentados pela polícia para a Fifa somam 141, dos quais dez são para jogos de 2010 e 2013. Sessenta deles ainda foram comprados pelo sistema de internet. "Não havia nenhum de ingressos de cartolas", garantiu.

Dos 131 ingressos para a atual Copa, 129 são para jogos que já ocorreram. Setenta e um ingressos eram de camarotes, um deles era da CBF.

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