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FAO pede "agricultura responsável" frente a grilagem

"Apoiamos um debate mundial sobre os investimentos na agricultura responsável", disse o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva


	Agricultura: a FAO divulgou também as estatísticas sobre os preços mundiais dos alimentos, os quais caíram 1,5% em novembro
 (Damien Meyer/AFP)

Agricultura: a FAO divulgou também as estatísticas sobre os preços mundiais dos alimentos, os quais caíram 1,5% em novembro (Damien Meyer/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 16h25.

Roma - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) pediu nesta quinta-feira à comunidade internacional que invista na chamada "agricultura responsável", e pedirá um debate mundial sobre o tema, uma vez que o fenômeno da grilagem de terras por parte de grandes produtores gera preocupação em vários continentes.

"Investir mais e melhor na agricultura é uma das maneiras mais eficazes de reduzir a fome e a pobreza ao mesmo tempo que protege o meio ambiente", disse a organização ao apresentar em Roma seu relatório anual sobre "O estado mundial da agricultura e a alimentação 2012".

"Apoiamos um debate mundial sobre os investimentos na agricultura responsável", disse o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, ao ser perguntado publicamente pelo embaixador do Iraque sobre os riscos de grilagem de terras que poderia ser gerado por tais investimentos, como ocorre em vários países da África.

A agência das Nações Unidas estimula reuniões entre os países para estabelecer uma série de princípios básicos, com os quais se devem comprometer voluntariamente os governos, como ocorre por exemplo com a pesca.

"Não somos uma agência de auditoria", disse Da Silva.

"O desafio é focar os investimentos em áreas onde se obtenham resultados. É importante garantir que os investimentos se tornem elevados benefícios econômicos e sociais e em sustentabilidade ambiental", disse.

Segundo o estudo da FAO, nos últimos 20 anos, os países com as taxas mais altas de investimento nas explorações agrícolas são os que mais progressos fazem na redução da fome, para cumprir com o primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, de reduzir à metade o número de pessoas que passam fome no mundo (870 milhões).


"As regiões onde a fome e a pobreza extrema estão mais extensas - Ásia meridional e África subsaariana - têm visto as taxas de investimento agrícola estancadas ou em queda nas três últimas décadas", diz o relatório.

Entre 2000 e 2012, os camponeses dos países em vias de desenvolvimento investiram quatro vezes mais por ano em maquinaria para suas pequenas terras com relação à ajuda pública e até "50 vezes mais" em comparação com os aportes de ajuda ao desenvolvimento, indica a FAO.

O relatório faz uma chamada aos governos, organizações internacionais, a sociedade civil e às empresas investidoras para garantir que os grandes investimentos em agricultura - como a aquisição de terras por empresas e fundos privados -, "sejam transparentes, responsáveis, socialmente benéficas e sustentabilidade para o meio ambiente".

A palavra chave "é boa governança", reiterou Da Silva.

Os especialistas da entidade calculam que "um terço" dos casos de investimentos agrícolas não são destinadas a produzir alimentos sem biocombustíveis.

"Entre 2000 e 2012, a produção de etanol nos Estados Unidos aumentou em 780% e a do Brasil em 140%", diz a FAO.

Em 2012, mais da metade da cana de açúcar que se cultiva no Brasil e 37% de cereais secundários que são cultivados nos EUA foram empregados para produzir etanol. Na Europa, 80% dos azeites vegetais são utilizados para o chamado biodiesel.

A FAO divulgou também as estatísticas sobre os preços mundiais dos alimentos, os quais caíram 1,5% em novembro, seu nível mais baixo desde junho passado, derrubados pelo açúcar, os azeites e os cereais, que registraram as maiores perdas.

Os preços do açúcar recuaram fundamentalmente devido ao aumento da capacidade exportadora do Brasil, enquanto que os preços dos cereais recuaram devido à diminuição da possibilidade de uma restrição das exportações por parte da Ucrânia e apesar de uma preocupação pelos fornecimentos da América Latina.

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