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Faltam dados para a gestão do turismo em São Paulo

Indefinição na classificação dos visitantes dificulta gestão articulada entre projetos urbanos e turismo

Teatro Municipal de São Paulo: Alguns atrativos turísticos não apresentam informações sobre seu público  (Alexandre Batibugli//Placar)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2012 às 12h15.

São Paulo - Em uma avaliação da situação do turismo em São Paulo, num contexto que, atualmente, insere a cidade na iminência de receber eventos de grande porte, como a Copa do Mundo de Futebol de 2014, o professor Thiago Allis percebeu que os levantamentos sobre a procedência dos turistas são pontuais e descoordenados, o que impossibilita a criação e execução de políticas de gestão ajustadas às características urbanas da cidade. “Há uma imprecisão para se tratar as potencialidades turísticas da cidade, tanto no plano teórico, quanto nas políticas públicas”, diz o pesquisador.

No estudo de doutorado Projetos urbanos e turismo em grandes cidades: o caso São Paulo, Allis buscou investigar como o turismo se relaciona com os grandes projetos urbanos em grandes cidades. “Turismo e lazer, muitas vezes, são justificativas para aplicação de esforços políticos e recursos públicos em intervenções urbanas grandiosas”, descreve o pesquisador, que é professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O estudo foi realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP sob orientação da professora Heliana Comin Vargas.

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Para seu trabalho, Allis levantou pesquisas feitas sobre o turismo em São Paulo e estudou reportagens e imagens específicas no acervo do jornal Folha de S. Paulo. A intenção era avaliar a cobertura da imprensa na ocasião da construção de grandes estruturas arquitetônicas na cidade e identificar o apelo que havia por trás dos grandes projetos. “No caso do Parque do Anhembi, construído em plena ditadura, havia grande empolgação com as técnicas avançadas e a perspectiva de consolidar São Paulo como ‘esquina de negócios’ do Brasil”, avalia Allis.

Questionário online

Além disso, o pesquisador procurou dados oficiais turísticos na São Paulo Turismo (SPTuris), mas percebeu que, apesar dos significativos avanços dos últimos anos, não havia pesquisas sistemáticas, suficientes e detalhadas sobre a demanda turística na cidade. Para contornar essa situação, criou um formulário que investigava a origem dos visitantes, de forma a quantificá-los e qualificá-los em função de sua origem: locais ou internacionais. Esse formulário foi encaminhado para gestores e administradores desses atrativos, e podiam ser respondidos numa plataforma online.


Dos 52 formulários enviados aos atrativos turísticos paulistanos, Allis obteve 35 respostas, sendo que apenas 22 ofereceram dados completos sobre volumes de visitantes. Os 35 formulários preenchidos representam pontos turísticos que receberam, entre 2006 e 2010, 16 milhões de visitas. Dos locais que enviaram respostas, apenas 20% fazia controle de visitantes por origem, o que segundo Allis era “uma falha bastante grave, já que isso poderia orientar de maneira muito mais precisa políticas de planejamento e marketing turísticos”.

O turismo urbano é uma área de pesquisa que vem, mundialmente, se consolidando há cerca de 20 anos nos estudos urbanos. Sendo São Paulo uma cidade de características globais, descobrir que tipos de turistas existem na capital paulista e quais as experiências de turismo que se desenham no seu ambiente urbano seria essencial para orientar corretamente o investimento nos projetos e justificar os subsídios empregados.

“O turismo vem sendo sugerido como atividade importante para o desenvolvimento urbano. No entanto, a preocupação com o tema é praticamente nula quando se tratam de mecanismos de gestão urbana complexos” relata o pesquisador. A SPTuris estima que São Paulo receba 11 milhões de visitantes por ano.

Neste caso, considerar a complexidade da natureza do turismo urbano é importante para aprimorar este tipo de gestão, pois São Paulo, uma cidade que cresceu devido ao desenvolvimento industrial, tem agora no setor de serviços seu foco de desenvolvimento, o que implica em urgente e inteligente investimento em gestão turística e lazer urbano. Para isso, “é imprescindível maior coordenação entre as políticas urbanas e as medidas específicas para o desenvolvimento do turismo” finaliza Allis.

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