Faculdades municipais de SP têm 56% de vagas ociosas
A taxa vem crescendo desde 2004, quando sobravam 6 mil. Atualmente está em 13 mil
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 12h13.
São Paulo - Excesso de cursos em cidades pequenas, mensalidades semelhantes às praticadas pela rede privada e qualidade duvidosa fazem com que as faculdades públicas mantidas por municípios no Estado de São Paulo tenham dificuldade para preencher as vagas. Segundo o último Censo da Educação Superior, 56,7% das vagas oferecidas em 2009 não foram preenchidas, o equivalente a 13 mil. A taxa vem crescendo desde 2004, quando sobravam 6 mil.
Muitas dessas autarquias - entidades que recebem verbas do município, mas têm autonomia de gestão - oferecem mais de mil novas vagas por ano em cidades com população entre 30 mil e 100 mil habitantes. Dependem de credenciamento no Conselho Estadual de Educação, porém atuam sem interferência do Ministério da Educação (MEC).
Dessa forma, não são obrigadas a seguir as normas federais ou passar por avaliações como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Diferentemente das instituições federais e estaduais paulistas, não gozam, em sua maioria, de boa reputação. E, apesar de serem públicas, as faculdades municipais criadas antes da Constituição podem cobrar mensalidades.
Os responsáveis pelas entidades creditam à concorrência crescente com a rede particular a queda de interesse pelas faculdades municipais. Em São Manuel, município com 35 mil habitantes, das 320 vagas oferecidas pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) no ano passado, apenas 74 foram preenchidas. “O que causou isso foi a expansão da oferta de ensino superior. Hoje, São Manuel tem três faculdades. O Imes existe desde 1982, e a sobra de vagas começou no fim dos anos 90 com o início da expansão do ensino superior privado”, afirma o diretor acadêmico Marcelo Augusto Totti.
O diretor executivo do Sindicato das Entidades de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato, concorda. “A expansão desse mercado, com grandes universidades oferecendo mensalidades e opções mais atraentes, trouxe dificuldades para as fundações municipais.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.