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Fachin decide mandar áudio de Joesley para perícia

Temer disse que a gravação foi "manipulada". Em nota, a holding que controla a JBS reafirmou que Joesley entregou um áudio sem cortes

Ministro Edson Fachin: novo relator da Lava Jato no STF é pressionado para fim do sigilo (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de maio de 2017 às 10h37.

Última atualização em 21 de maio de 2017 às 10h52.

Brasília e São Paulo - O Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar em plenário, na quarta-feira, o pedido da defesa do presidente Michel Temer para suspender o inquérito contra o peemedebista. Com isso, os 11 ministros da Corte irão decidir sobre a continuidade ou paralisação do inquérito.

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, também encaminhou para a Polícia Federal os autos do inquérito para perícia no áudio gravado pelo delator Joesley Batista em conversa com Temer. Ontem, em pronunciamento no Palácio do Planalto, Temer alegou que a gravação foi "manipulada e adulterada".

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Em nota, a J&F, holding que controla a JBS, reafirmou ontem que Joesley entregou à Procuradoria-Geral da República a gravação da conversa com o presidente sem cortes. O texto diz que os delatores têm como sustentar a idoneidade do material. "Não há chance alguma de ter havido qualquer edição do material original, porque ele jamais foi exposto a qualquer tipo de intervenção", diz a nota.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a Fachin a continuidade do inquérito contra Temer, mas não se opôs à realização de perícia no áudio. Janot aponta que a gravação é "harmônica e consentânea" com o relato dos delatores do grupo J&F.

"Não obstante, embora certo de que o áudio não contém qualquer mácula que comprometa a essência do diálogo, o procurador-geral da República não se opõe à perícia no áudio que contém conversa entre Michel Temer e Joesley Batista no dia 7 de março de 2017, no Palácio do Jaburu", escreveu Janot. Ele destaca na manifestação ao STF que a perícia deve ser realizada sem suspensão do inquérito, que serve, segundo Janot, "justamente para a apuração dos fatos e para a produção de evidências, dentre elas perícias técnicas".

Procuradores que negociaram as delação premiada informaram ontem que não fizeram perícia no material. Peritos consultados pelo Estado não foram conclusivos. Foram encontradas no áudio 14 "fragmentações" - pequenos cortes de edição, segundo o perito extrajudicial e judicial Marcelo Carneiro de Souza. Para ele, porém, um laudo mais conclusivo só seria possível após avaliar o gravador e fazer um confronto entre as vozes de Temer e Joesley.

Conversa

A conversa entre Joesley e Temer ocorreu no início de março, no Palácio do Jaburu. No encontro, o empresário narra ao presidente da República medidas que têm adotado para contornar as investigações que recaem sobre ele e a JBS, entre elas o pagamento de uma mesada a um procurador da República para obter informações privilegiadas.

Joesley também pergunta ao presidente quem é o interlocutor do peemedebista e recebe de Temer a indicação do nome do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que também teve conversa gravada em que negocia propina.

O presidente também ouve de Joesley sobre Eduardo Cunha. Após falar de acertos com o peemedebista, o empresário diz que está em bom relacionamento com Cunha. O presidente responde: "Tem que manter isso, viu?"

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