Fabrício Queiroz pagou em dinheiro conta de R$ 64 mil em hospital
Ex-assessor de Flávio Bolsonaro fez cirurgia em janeiro deste ano para retirada de um câncer no intestino no hospital Albert Einstein
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de maio de 2019 às 12h49.
Última atualização em 24 de maio de 2019 às 12h52.
Rio — Investigado como operador de um suposto esquema de "rachadinha" dentro do antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o ex-assessor Fabrício Queiroz pagou em dinheiro R$ 64,6 mil pela cirurgia que fez em janeiro deste ano para retirada de um câncer no intestino no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira, 24, pelo jornal O Globo, o pagamento foi feito no dia 14 de fevereiro. A informação foi confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso à nota fiscal eletrônica emitida pelo hospital onde Queiroz se tratou.
O documento aponta que o custo total do procedimento foi de R$ 86,1 mil e que o ex-assessor teve um desconto de R$ 16,1 mil, pagando, ao todo, R$ 70 mil. Os R$ 5,4 mil restantes teriam sido quitado com cartão de crédito.
Ainda de acordo com o documento, Queiroz foi internado em 30 de dezembro de 2018 e teve alta em 8 de janeiro deste ano. A cirurgia, segundo o Estado apurou, ocorreu no dia 1º de janeiro.
Desde então, segundo a defesa, o ex-assessor permanece em São Paulo se recuperando com o apoio da família e, por isso, faltou ao depoimento marcado pelo Ministério Público para explicar movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão em um ano em sua conta bancária - detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O caso foi revelado pelo Estado em dezembro de 2018.
Em nota, o advogado Paulo Klein, que defende Queiroz, afirmou que "vê com naturalidade o fato do Ministério Público investigar a origem dos recursos utilizados para pagamento das despesas médicas do Fabrício Queiroz" e que "a comprovação dos pagamentos com recursos próprios e dentro da sua capacidade econômica só reforçam que ele jamais cometeu qualquer crime". O dinheiro usado para pagar a cirurgia estava guardado em sua casa para amortizar o financiando de um imóvel no Rio de Janeiro.
No mês passado, Queiroz, Flávio Bolsonaro e outras 84 pessoas e nove empresas tiveram o sigilo fiscal e bancário quebrados pela Justiça do Rio a pedido do Ministério Público. Os promotores apontam indícios robustos de uma organização criminosa no gabinete do ex-deputado e atual senador na Alerj que recolhia parte do salário dos assessores, prática conhecida como "rachadinha", e fazia transações imobiliários com valores fraudados para "lavar dinheiro".
Queiroz alega que arrecadava o dinheiro dos colegas de gabinete para contratar outros assessores externos para aumentar a capacidade eleitoral de Flávio Bolsonaro, sem o conhecimento dele. Flávio Bolsonaro nega que soubesse da prática, diz que suas transações imobiliárias foram legais e que sofre perseguição do Ministério Público. Procurado pelo Estado, o hospital Albert Einstein não havia se manifestou até a publicação desta matéria.