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Extinção de reserva gera críticas de Gisele e Ivete Sangalo

Decreto assinado por Michel Temer permite que a Renca, área de tamanho equivalente ao do Espírito Santo, seja explorada pela iniciativa privada

Gisele Bundchen, embaixadora ambiental da ONU: "Vergonha! Estão leiloando nossa Amazônia! Não podemos destruir nossas áreas protegidas em prol de interesses privados" (Foto/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de agosto de 2017 às 11h24.

São Paulo - Celebridades se mobilizaram ontem nas redes sociais contra o decreto federal que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca). A medida também foi duramente criticada por especialistas. O decreto assinado pelo presidente Michel Temer permite que a Renca, uma área de tamanho equivalente ao do Espírito Santo, rica em cobre e ouro, seja explorada pela iniciativa privada.

A modelo Gisele Bündchen foi uma das primeiras personalidades a usar o Twitter para criticar o decreto. "Vergonha! Estão leiloando nossa Amazônia ! Não podemos destruir nossas áreas protegidas em prol de interesses privados", disse Gisele.

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A cantora Ivete Sangalo se manifestou no Instagram sobre o decreto: "Quanta notícia difícil de aceitar. Brincando com o nosso patrimônio? Que grande absurdo. Tem que ter um basta". A cantora Gaby Amarantos também opinou pelo Twitter: "Não podemos permitir que Temer negocie nossas reservas e florestas como se fossem moeda de troca", disse.

A atriz Regina Casé publicou no Instagram um vídeo com imagens da região amazônica e comentou: " Isso é a Amazônia. Não podemos deixar que acabem com essa força. Nós dependemos disso pra viver". O ator Thiago Lacerda também usou o Instagram para criticar o decreto. "Uma notícia horrível atrás da outra. Decisões criminosas se sucedem numa progressão geométrica". O ator Cauã Reymond foi outro que manifestou indignação. "Mais um passo pra trás! Retrocesso que ameaça todo nosso futuro", publicou.

Impactos

Com uma área de 47 mil quilômetros quadrados, a Renca está localizada entre os Estados do Pará e do Amapá, e havia sido instituída em 1984 com o objetivo de poupar recursos minerais para o futuro. Embora a Renca não tenha sido concebida para preservação ambiental, o bloqueio da mineração privada na reserva ajudou a manter o alto grau de preservação encontrado hoje na área, segundo Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. "A Renca serve como uma barreira para a mineração", disse Voivodic ao Estado.

A reserva se sobrepõe a diversas partes de nove unidades de conservação. Voivodic teme que o decreto faça explodir a atividade mineradora na Renca, causando grande impactos nessas áreas. "Sabemos que os projetos de mineração trazem efeitos indiretos como a abertura de estradas, afluxo de forasteiros, grilagem, invasão de terra, extração ilegal de madeira e garimpo ilegal", disse.

De acordo com a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, a grande demanda reprimida poderá levar de fato a uma explosão da mineração na área, com impactos nas áreas de conservação adjacente. Em 2014, a Joice liderou um estudo que mostrava a existência de 1,65 milhão de quilômetros quadrados, no Brasil, de áreas registradas com interesse para mineração, sobrepostas a 20% de áreas de proteção. "No estudo, nós identificamos a região da Renca como uma dessas áreas. Já havia registros de processos minerários."

Para Joice, o fim da reserva é "catastrófico". Ela acredita que a mineração dificilmente ficará restrita aos 30% da Renca que não estão em áreas protegidas. "A medida constitui mais uma das diversas estratégias para pressionar por um alteração do Sistema Nacional de Unidades de Conservação do país."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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