Aedes aegypti: todas essas doenças podem ser deflagradas tempos depois de uma infecção (USDA)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 10h16.
São Paulo - O impacto da epidemia de zika não se resume à explosão da microcefalia. No Hospital da Restauração, no Recife, houve um aumento significativo de casos de pacientes com doenças no sistema nervoso que podem estar relacionadas com infecções.
"Em quatro meses neste ano, registramos um indicador quatro vezes maior do que a média de 2014 e 2013", conta a chefe do serviço de Neurologia, Lúcia Brito. A médica está acompanhando 120 pacientes. O grupo apresentou Síndrome de Guillain-Barré (SGB, uma doença autoimune que provoca a paralisação progressiva), encefalite, meningite, neurite óptica (inflamação do nervo óptico que pode levar à perda da visão) e encefamielite aguda disseminada.
Todas essas doenças podem ser deflagradas tempos depois de uma infecção. "Essa reação já é conhecida. O que chama a atenção é a frequência que isso ocorreu neste ano", diz.
Dos 120 pacientes, 70 já foram revistos. Exames estão sendo realizados para identificação da presença do zika. Até agora, seis exames foram concluídos. Todos acusaram infecção do paciente pelo vírus, que chegou ao Brasil neste ano e já está presente em 18 Estados.
Lúcia avalia que os sinais reunidos até agora são suficientes para que médicos fiquem alertas. "Esses pacientes precisam de cuidados especiais, internação. A recuperação pode ser lenta", observa a neurologista.
Curso
A recomendação que o serviço vem fazendo é que profissionais de saúde encaminhem pacientes para o serviço de referência ao menor sinal de complicação.
Um curso de capacitação é planejado para orientar profissionais a identificar os casos com risco. "Quanto mais atentos estivermos, mais rápido podemos decifrar os mecanismos que podem estar associados à capacidade do zika de atacar o sistema nervoso."