Executivo da Vale nega diálogo com engenheiro que atestou estabilidade
Funcionário de empresa alemã diz ter sido pressionado por Alexandre Campanha para assinar documento que assegurava estabilidade da barragem em Brumadinho
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 19h46.
Belo Horizonte - O executivo da Vale Alexandre Campanha prestou depoimento à força-tarefa que investiga o rompimento da barragem 1 na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho , na região metropolitana de Belo Horizonte. Campanha foi citado pelo engenheiro Makoto Namba, da Tüv Süd, que disse ter se sentido pressionado por Campanha para assinar documento atestando a estabilidade da barragem. Em depoimento, Campanha negou ter travado o diálogo com o responsável pelo laudo da barragem.
Alexandre Campanha é gerente executivo corporativo da Vale e, segundo depoimento de Namba à Polícia Federal, fez pressão para que assinasse o documento. "A Tüv Süd vai assinar ou não", teria dito Campanha, segundo Namba. O engenheiro, então, disse ter respondido que assinaria se a Vale adotasse recomendações que fez em revisão periódica de junho de 2018. Namba afirmou ainda ter assinado o laudo e que se sentiu sob risco de perder o contrato.
Namba, e outro engenheiro da Tüv Süd, André Jum Yassuda, e três executivos da Vale estavam presos desde o dia 29 de janeiro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana Belo Horizonte. Na terça-feira, 5, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedeu habeas corpus para o grupo que foi liberado nesta quinta-feira (7).
Em 2015, Campanha, que é mineiro e trabalha há 23 anos na mineradora, aparece como diretor de operações da Vale no Pará, conforme informações da prefeitura de Canaã dos Carajás, município a 765 quilômetros ao sul de Belém. À época, ainda segundo a prefeitura, o executivo da Vale ficaria responsável por projeto batizado de S11D, localizado no município. Campanha também tem passagem pela Vale em Mato Grosso do Sul.