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Ex-tesoureiro de Perillo não justifica evolução de bens

Suspeito de receber recursos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de operar caixa-2 para o tucano na corrida eleitoral de 2010

O governador Goiás, Marconi Perillo (Ueslei Marcelino/Reuters)

O governador Goiás, Marconi Perillo (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2012 às 11h48.

Brasília - Ex-tesoureiro de campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), Jayme Rincón, não comprovou renda suficiente para justificar a evolução de seus bens e investimentos nos últimos quatro anos. A informação consta de relatório da Receita enviado à CPI do Cachoeira, ao qual o Grupo Estado teve acesso.

Suspeito de receber recursos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de operar caixa-2 para o tucano na corrida eleitoral de 2010, Rincón teve variação patrimonial a descoberto de R$ 185,4 mil em 2008, R$ 170 mil em 2009, R$ 228 mil em 2010 e R$ 143,5 mil em 2011. Em outras palavras, seus rendimentos foram menores que a soma de deduções, pagamentos, doações, despesas com cartão de crédito e o aumento de patrimônio declarados nesses anos.

Segundo a Receita, Rincón também apresentou gastos elevados com cartão de crédito, incompatíveis com sua renda. Em 2008, ele fez despesas de R$ 466,9 mil, mas declarou R$ 449 mil em rendimentos. A diferença foi de 283,2 mil para R$ 132 mil em 2010; e de R$ 497,5 mil para R$ 319,8 mil em 2011.

As informações complicam ainda mais a situação de Rincón, que deve depor à CPI em 22 de agosto, após a volta do recesso parlamentar. O relatório aponta também movimentação financeira muito superior à renda. Em 2009, suas contas registraram créditos e débitos de R$ 2,2 milhões, ante rendimentos de R$ 440 mil. No ano seguinte, de campanha, os créditos foram de R$ 1,1 milhão e os débitos, de R$ 1,2 milhão, contra rendimentos de R$ 132 mil.


O patrimônio declarado do presidente da Agetop era de R$ 1,67 milhão em 2011, a maior parte referente a participações em cinco empresas. As investigações da Polícia Federal mostram que uma delas, a Rental Frota Distribuição e Logística, recebeu R$ 600 mil de Cachoeira em três parcelas, em julho e agosto do mesmo ano.

Em escutas da PF, reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o contraventor diz se tratar de um empréstimo ao presidente da Agetop. O órgão do governo goiano é responsável pela gestão das obras, entre elas as da Delta Construções, suspeita de envolvimento no esquema investigado. Rincón, no entanto, alega que o repasse foi o pagamento pela venda de veículos, intermediada pelo ex-vereador em Goiânia e braço-direito do bicheiro, Wladimir Garcez.

O jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou para a campanha de Perillo em 2010, aponta Rincón como uma das pessoas que o pagaram por serviços prestados com dinheiro de caixa dois, o que o presidente da Agetop também nega.

Defesa

Questionado sobre o relatório da Receita, o presidente da Agetop, Jayme Rincón, reclamou da "agilidade de alguns membros" da CPI do Cachoeira ao repassar informações sobre pessoas ligadas ao governador Marconi Perillo (PSDB).

"Antes mesmo de qualquer questionamento ao interessado, a CPI, de forma parcial e direcionada, vaza para a imprensa um documento sigiloso, que por lei deveria permanecer em sigilo e com acesso restrito aos membros da comissão", criticou, em nota.

Rincón informou que suas declarações de Imposto de Renda foram aprovadas e que não recebeu nenhuma notificação da Receita. Ele sustenta que não teve evolução patrimonial nos últimos quatro anos, pois vendeu "apenas" um imóvel no período, comprando um outro com o mesmo valor.

"Sou inventariante dos meus pais já falecidos, e cuido das finanças de meus três irmãos mais novos, herdeiros como eu. Para isto, por razões íntimas e familiares, uso minhas contas particulares e cartões para administrar e atender meus irmãos", justificou.

Rincón salientou que as declarações de renda são assunto particular, sem vinculação com sua atividade pública, iniciada em 2011, após a eleição de Perillo. "Se for solicitado pelos órgãos de fiscalização, prestarei todas as informações necessárias", assegurou.

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