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Ex-auxiliar de Bolsonaro, Mauro Cid depõe à PF neste quinta sobre fraude em cartões de vacina

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente está preso por suspeita de inserção de dados falsos sobre vacinação de Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde

Mauro Cid: Os investigadores também devem perguntar a Cid sobre os conteúdos extraídos de seu telefone celular que revelam suposto planejamento e tentativa de golpe de estado (Alan Santos/PR/Flickr)

Mauro Cid: Os investigadores também devem perguntar a Cid sobre os conteúdos extraídos de seu telefone celular que revelam suposto planejamento e tentativa de golpe de estado (Alan Santos/PR/Flickr)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 18 de maio de 2023 às 06h37.

Preso há duas semanas por suspeita de inserção de dados falsos sobre vacinação de Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid vai deixar pela primeira vez a cela que ocupa no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB). Nesta quinta-feira, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestará depoimento na sede da Polícia Federal no inquérito que investiga também os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa e corrupção de menores.

Na oitiva, Cid deverá ser questionado sobre a inserção de informações fraudadas acerca de sua imunização, de sua mulher, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, das três filhas do casal, além de Bolsonaro e de sua filha mais nova, Laura. As investigações apontaram que o oficial teria emitido os respectivos certificados e os utilizado para, por exemplo, embarcar com a família para destinos internacionais, como os Estados Unidos.

De acordo com a PF, a análise das mensagens de WhatsApp, decorrentes da quebra de sigilo telemático, “reforça os indícios de novas inserções de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde”. As conversas demonstraram que as filhas de Cid realizavam “atividades cotidianas” em Brasília nas datas em que seus cartões vacinação registraram as doses contra a doença em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

“Inicialmente causou estranheza o fato de as filhas de MAURO CID, terem sido vacinadas na cidade de Duque de Caxias/RJ, pois MAURO CID e sua família residem desde o ano de 2020 até a presente data na cidade de Brasília/DF. Os dados inseridos nos sistemas do Ministério da Saúde, informam que MAURO CID e suas filhas tomaram três doses de vacina contra a Covid-19, nas datas de 22/06/2021 (terça-feira), 08/09/2021 (quarta-feira) e 19/11/2021 (sexta-feira), no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias/RJ, sendo as duas primeiras doses da fabricante PFIZER e a terceira da fabricante JANSSEN”, informa o relatório.

O que a PF deve perguntar ao Mauro Cid?

Cid também será questionado sobre a inserção de dados falsos nos cartões de vacinação de Bolsonaro e Laura. O inquérito aponta que um perfil associado aos dados do ex-presidente foi conectado ao aplicativo ConecteSUS ao menos quatro vezes desde dezembro do ano passado — a última delas às 8h15 de 14 de março. Segundo os investigadores, até o dia 22 daquele mês, a conta era administrada pelo ex-ajudante de ordens.

A partir dessa data, o cadastro da conta de Bolsonaro foi alterado para um e-mail de Marcelo Costa Câmara, então assessor especial e quem o acompanhou em sua estadia na cidade de Orlando, nos Estados Unidos.

“A alteração cadastral foi realizada a partir do mesmo endereço de IP utilizado para emitir o certificado de vacinação ideologicamente falso, com registro no Palácio do Planalto”, frisou a PF.

Em depoimento, na última terça-feira, o ex-presidente negou ter conhecimento da inserção de dados falsos de vacinação em seu nome e no de familiares. Ele também afirmou não ter determinado a inclusão das informações nos sistemas de saúde por não ter motivos para isso e disse não acreditar que Cid tenha arquitetado o esquema criminoso.

Os investigadores também devem perguntar a Cid sobre os conteúdos extraídos de seu telefone celular que revelam suposto planejamento e tentativa de golpe de estado. Na perícia feita em mensagens contidas no aparelho e também na nuvem, há conversas dele com outros militares sobre o assunto. O ex-ajudante de ordens também será questionado sobre a origem de US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie encontrados em sua casa e ainda uma remessa de dinheiro para fora do país.

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