Especialista em transporte diz que planejamento ruim vai comprometer Copa
Professor da UFRJ critica investimentos da prefeitura do Rio de Janeiro em mobilidade urbana
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2011 às 15h24.
Rio de Janeiro – A falta de planejamento pode atrapalhar a mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. A avaliação foi feita à Agência Brasil pelo professor de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fernando Mac Dowell. Segundo ele, a esperança na área da mobilidade é o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que está assumindo a presidência da Autoridade Pública Olímpica (APO).
“Para fazer uma montagem dessas, você precisa ter um planejamento muito bem elaborado, que considere os prazos de estudos, projetos, as obras e os recursos necessários para sua realização”, disse Mac Dowell, que é doutor em engenharia de transportes.
Ele criticou o fato de que o legado que está sendo deixado pela prefeitura do Rio de Janeiro são apenas ônibus. “O Rio é o lugar que mais ônibus tem. É uma pena você ter oportunidade de fazer coisas que poderiam ter três vezes mais capacidade com quase os mesmos recursos”.
Como exemplo, citou o aeromóvel, sistema de transporte urbano automatizado, movido a ar, de concepção brasileira, que está sendo implantado em Porto Alegre (RS), para ligação entre o Aeroporto Salgado Filho e as estações da Empresa de Trens Urbanos da capital gaúcha (Trensurb). Ele afiançou que essa é uma obra rápida, barata e com elevada capacidade de transporte de massa.
O engenheiro defendeu o aeromóvel como sistema que poderia ser adotado em todas as cidades que irão sediar os jogos da Copa. "Com a vantagem de ser um sistema nacional, sem necessidade de pagar royalties.” Ele considerou um erro a escolha do modelo de transporte coletivo de média capacidade BRT (trânsito rápido de ônibus, da sigla em inglês). Esse sistema é constituído por ônibus articulados e foi implantado pela primeira vez no Brasil na cidade de Curitiba (PR), em 1979.
Responsável pela elaboração do plano B das Olimpíadas para o governo federal, o professor da UFRJ fez um estudo sobre as possibilidades de recursos por meio de parcerias público privadas (PPPs) e levou em consideração as tecnologias disponíveis: aeromóvel, monotrilho, trem de levitação magnética, BRT, metrô, veículo leve sobre trilhos (VLT). A conclusão foi apresentada e aprovada em Brasília por diversos órgãos, entre os quais os Ministérios das Cidades e do Esporte. “E foi aí que o aeromóvel surgiu com força muito grande”.
No sistema BRT, o governo entra com 95% e a iniciativa privada com 5%, enquanto no modelo do aeromóvel, o governo colocaria 30% dos investimentos necessários e o setor privado 70%. "Com isso, conseguiríamos ampliar a quantidade de possibilidades de sistemas de transporte de massa e, até, o metrô. Por isso, a linha 4 do metrô do Rio de Janeiro saiu”.
Mac Dowell criticou os governos fluminense e carioca que “não querem nem saber o que é (o sistema do aeromóvel)” e que, em contrapartida, ficam entusiasmados com o “monorail’ (monotrilho ou ferrovia constituída por um único trilho). Segundo ele, um carro do monotrilho, com 12,5 metros de comprimento, custa US$ 2,4 milhões, enquanto que o aeromóvel tem custo de R$ 1,4 milhão e possui 25 metros.
“Nós estamos perdendo uma grande oportunidade, em quase todas as capitais, que optaram pelo BRT”, apontou o especialista. De acordo com ele, o custo de um BRT é de R$ 1,5 bilhão, “porque está fazendo três mil desapropriações”. Para Mac Dowell, “fica claro que houve mais partidarismo nessas escolhas, do que estudo”.
A esperança de os projetos de mobilidade chegarem a bom termo, na sua opinião, é a nomeação de Henrique Meirelles para a presidência da APO. “Na minha opinião, vai ser a salvação desse processo. Essa pessoa é competente e já mostrou isso. Acredito que vai se cercar de técnicos capacitados e ele vai conseguir atingir o objetivo”.
Rio de Janeiro – A falta de planejamento pode atrapalhar a mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. A avaliação foi feita à Agência Brasil pelo professor de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fernando Mac Dowell. Segundo ele, a esperança na área da mobilidade é o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que está assumindo a presidência da Autoridade Pública Olímpica (APO).
“Para fazer uma montagem dessas, você precisa ter um planejamento muito bem elaborado, que considere os prazos de estudos, projetos, as obras e os recursos necessários para sua realização”, disse Mac Dowell, que é doutor em engenharia de transportes.
Ele criticou o fato de que o legado que está sendo deixado pela prefeitura do Rio de Janeiro são apenas ônibus. “O Rio é o lugar que mais ônibus tem. É uma pena você ter oportunidade de fazer coisas que poderiam ter três vezes mais capacidade com quase os mesmos recursos”.
Como exemplo, citou o aeromóvel, sistema de transporte urbano automatizado, movido a ar, de concepção brasileira, que está sendo implantado em Porto Alegre (RS), para ligação entre o Aeroporto Salgado Filho e as estações da Empresa de Trens Urbanos da capital gaúcha (Trensurb). Ele afiançou que essa é uma obra rápida, barata e com elevada capacidade de transporte de massa.
O engenheiro defendeu o aeromóvel como sistema que poderia ser adotado em todas as cidades que irão sediar os jogos da Copa. "Com a vantagem de ser um sistema nacional, sem necessidade de pagar royalties.” Ele considerou um erro a escolha do modelo de transporte coletivo de média capacidade BRT (trânsito rápido de ônibus, da sigla em inglês). Esse sistema é constituído por ônibus articulados e foi implantado pela primeira vez no Brasil na cidade de Curitiba (PR), em 1979.
Responsável pela elaboração do plano B das Olimpíadas para o governo federal, o professor da UFRJ fez um estudo sobre as possibilidades de recursos por meio de parcerias público privadas (PPPs) e levou em consideração as tecnologias disponíveis: aeromóvel, monotrilho, trem de levitação magnética, BRT, metrô, veículo leve sobre trilhos (VLT). A conclusão foi apresentada e aprovada em Brasília por diversos órgãos, entre os quais os Ministérios das Cidades e do Esporte. “E foi aí que o aeromóvel surgiu com força muito grande”.
No sistema BRT, o governo entra com 95% e a iniciativa privada com 5%, enquanto no modelo do aeromóvel, o governo colocaria 30% dos investimentos necessários e o setor privado 70%. "Com isso, conseguiríamos ampliar a quantidade de possibilidades de sistemas de transporte de massa e, até, o metrô. Por isso, a linha 4 do metrô do Rio de Janeiro saiu”.
Mac Dowell criticou os governos fluminense e carioca que “não querem nem saber o que é (o sistema do aeromóvel)” e que, em contrapartida, ficam entusiasmados com o “monorail’ (monotrilho ou ferrovia constituída por um único trilho). Segundo ele, um carro do monotrilho, com 12,5 metros de comprimento, custa US$ 2,4 milhões, enquanto que o aeromóvel tem custo de R$ 1,4 milhão e possui 25 metros.
“Nós estamos perdendo uma grande oportunidade, em quase todas as capitais, que optaram pelo BRT”, apontou o especialista. De acordo com ele, o custo de um BRT é de R$ 1,5 bilhão, “porque está fazendo três mil desapropriações”. Para Mac Dowell, “fica claro que houve mais partidarismo nessas escolhas, do que estudo”.
A esperança de os projetos de mobilidade chegarem a bom termo, na sua opinião, é a nomeação de Henrique Meirelles para a presidência da APO. “Na minha opinião, vai ser a salvação desse processo. Essa pessoa é competente e já mostrou isso. Acredito que vai se cercar de técnicos capacitados e ele vai conseguir atingir o objetivo”.