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Especialista defende ultrassom para triagem de microcefalia

O professor de genética médica da USP explicou que o equipamento pode ser encontrado na maior parte das unidades de saúde que atendem gestantes no país

barriga-grávida (Thinkstock/JPC-PROD)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de março de 2016 às 11h48.

O professor de genética médica da Universidade de São Paulo, Thomaz Gollop, defende que o governo brasileiro passe a adotar a ultrassonografia do sistema nervoso central no processo de triagem inicial de bebês com suspeita de microcefalia associada ao vírus zika .

Em entrevista à Agência Brasil, ele explicou que o equipamento pode ser encontrado na maior parte das unidades de saúde que atendem gestantes no país, além de se tratar de um exame relativamente barato.

A epidemia de zika e sua possível ligação com quadros de microcefalia fizeram com que as notificações da malformação se tornassem obrigatórias no país.

Desde outubro do ano passado, todos os casos considerados suspeitos – crianças com perímetro cefálico menor que 32 centímetros (cm) – devem ser comunicados ao governo federal.

A partir daí, o bebê é submetido, entre outros procedimentos, a uma tomografia, na tentativa de identificar indicativos de infecção congênita.

“A tomografia exige disponibilidade de profissionais treinados e um equipamento mais sofisticado. Se a gente pensar na população pobre, sobretudo no Nordeste, que tem sido a região mais afetada, o acesso à tomografia seguramente é mais complicado que o acesso ao ultrassom”, disse Gollop.

“As lesões cerebrais provocadas pelo zika são graves e fáceis de serem lidas por ultrassom. Teríamos um número menor de casos suspeitos e um número mais apurado de casos prováveis de terem sido causados pelo vírus.”

Para aperfeiçoar a triagem de recém-nascidos com suspeita de microcefalia, o geneticista propõe mudanças no protocolo adotado atualmente pelo Ministério da Saúde.

Ele defende que, após a aferição do perímetro cefálico e, havendo indicação, o bebê passe por um ultrassom do sistema nervoso central.

Se o resultado for de grande comprometimento neurológico, a criança já poderia ser encaminhada a um neurologista, sem a necessidade de passar pela tomografia.

“Estamos colocando na mesma cuba um número muito grande de recém-nascidos que nada têm a ver com o quadro de malformação associada ao zika. Precisamos melhorar a triagem de casos suspeitos de estarem relacionados à infecção e dar um olhar mais aguçado para o problema. A ideia, com o ultrassom, é introduzir um elemento que ajuda muito no diagnóstico de crianças com perímetro cefálico abaixo de 32 cm. Qualquer técnico bom e que esteja habituado a examinar recém-nascidos consegue fazer isso.”

Protocolo atual

O professor de genética médica criticou ainda a decisão do governo brasileiro de alterar a medida padrão para notificação de microcefalia no país, que deixará de ser perímetro cefálico menor que 32 cm e passará a ser perímetro cefálico de 31,9 cm para meninos e de 31,5 cm para meninas.

A mudança, segundo a assessoria do Ministério da Saúde, deve ser anunciada ainda esta semana e tem como base mudanças feitas pela própria Organização Mundial da Saúde.

“A fita métrica utilizada no Brasil é dividida em centímetros, não em milímetros. Além disso, a mensuração do perímetro cefálico não tem sensibilidade suficiente para ser medida em milímetros. Se eu ensinar um estudante de medicina a medir o perímetro cefálico de um recém-nascido, ele vai conseguir uma medida. Se eu pedir a outro, ele vai alcançar outra medida para a mesma criança”, disse Gollop.

O Ministério da Saúde informou que, desde dezembro, já utiliza um tipo de ultrassom no processo de triagem de casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao zika.

Atualmente, o protocolo adotado pelo governo recomenda, inicialmente, a aferição do perímetro cefálico.

Se o resultado for menor que 32 cm, a medida é tirada novamente entre 24 e 48 horas depois, já que a cabeça do bebê se comprime ao passar pelo canal vaginal.

Caso a segunda medição do perímetro encefálico continue inferior ao estabelecido, a criança é submetida a uma ultrassonografia transfontanela – exame específico para verificar a moleira.

Se ela estiver fechada, o passo seguinte é encaminhar a criança para uma tomografia para confirmar o quadro de microcefalia.

O último boletim epidemiológico divulgado pela pasta aponta 641 casos confirmados de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso sugestivas de infecção congênita desde outubro.

Os dados mostram que 1.046 notificações foram descartadas por apresentarem exames normais ou por indicarem microcefalia e/ou alterações no sistema nervoso central por causas não infecciosas.

A pasta segue investigando 4.222 casos suspeitos em todo o país.

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O professor de genética médica da Universidade de São Paulo, Thomaz Gollop, defende que o governo brasileiro passe a adotar a ultrassonografia do sistema nervoso central no processo de triagem inicial de bebês com suspeita de microcefalia associada ao vírus zika .

Em entrevista à Agência Brasil, ele explicou que o equipamento pode ser encontrado na maior parte das unidades de saúde que atendem gestantes no país, além de se tratar de um exame relativamente barato.

A epidemia de zika e sua possível ligação com quadros de microcefalia fizeram com que as notificações da malformação se tornassem obrigatórias no país.

Desde outubro do ano passado, todos os casos considerados suspeitos – crianças com perímetro cefálico menor que 32 centímetros (cm) – devem ser comunicados ao governo federal.

A partir daí, o bebê é submetido, entre outros procedimentos, a uma tomografia, na tentativa de identificar indicativos de infecção congênita.

“A tomografia exige disponibilidade de profissionais treinados e um equipamento mais sofisticado. Se a gente pensar na população pobre, sobretudo no Nordeste, que tem sido a região mais afetada, o acesso à tomografia seguramente é mais complicado que o acesso ao ultrassom”, disse Gollop.

“As lesões cerebrais provocadas pelo zika são graves e fáceis de serem lidas por ultrassom. Teríamos um número menor de casos suspeitos e um número mais apurado de casos prováveis de terem sido causados pelo vírus.”

Para aperfeiçoar a triagem de recém-nascidos com suspeita de microcefalia, o geneticista propõe mudanças no protocolo adotado atualmente pelo Ministério da Saúde.

Ele defende que, após a aferição do perímetro cefálico e, havendo indicação, o bebê passe por um ultrassom do sistema nervoso central.

Se o resultado for de grande comprometimento neurológico, a criança já poderia ser encaminhada a um neurologista, sem a necessidade de passar pela tomografia.

“Estamos colocando na mesma cuba um número muito grande de recém-nascidos que nada têm a ver com o quadro de malformação associada ao zika. Precisamos melhorar a triagem de casos suspeitos de estarem relacionados à infecção e dar um olhar mais aguçado para o problema. A ideia, com o ultrassom, é introduzir um elemento que ajuda muito no diagnóstico de crianças com perímetro cefálico abaixo de 32 cm. Qualquer técnico bom e que esteja habituado a examinar recém-nascidos consegue fazer isso.”

Protocolo atual

O professor de genética médica criticou ainda a decisão do governo brasileiro de alterar a medida padrão para notificação de microcefalia no país, que deixará de ser perímetro cefálico menor que 32 cm e passará a ser perímetro cefálico de 31,9 cm para meninos e de 31,5 cm para meninas.

A mudança, segundo a assessoria do Ministério da Saúde, deve ser anunciada ainda esta semana e tem como base mudanças feitas pela própria Organização Mundial da Saúde.

“A fita métrica utilizada no Brasil é dividida em centímetros, não em milímetros. Além disso, a mensuração do perímetro cefálico não tem sensibilidade suficiente para ser medida em milímetros. Se eu ensinar um estudante de medicina a medir o perímetro cefálico de um recém-nascido, ele vai conseguir uma medida. Se eu pedir a outro, ele vai alcançar outra medida para a mesma criança”, disse Gollop.

O Ministério da Saúde informou que, desde dezembro, já utiliza um tipo de ultrassom no processo de triagem de casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao zika.

Atualmente, o protocolo adotado pelo governo recomenda, inicialmente, a aferição do perímetro cefálico.

Se o resultado for menor que 32 cm, a medida é tirada novamente entre 24 e 48 horas depois, já que a cabeça do bebê se comprime ao passar pelo canal vaginal.

Caso a segunda medição do perímetro encefálico continue inferior ao estabelecido, a criança é submetida a uma ultrassonografia transfontanela – exame específico para verificar a moleira.

Se ela estiver fechada, o passo seguinte é encaminhar a criança para uma tomografia para confirmar o quadro de microcefalia.

O último boletim epidemiológico divulgado pela pasta aponta 641 casos confirmados de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso sugestivas de infecção congênita desde outubro.

Os dados mostram que 1.046 notificações foram descartadas por apresentarem exames normais ou por indicarem microcefalia e/ou alterações no sistema nervoso central por causas não infecciosas.

A pasta segue investigando 4.222 casos suspeitos em todo o país.

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