Envolver o setor privado é caminho para saúde pública
Segundo o secretário de saúde do Paraná, a maior dificuldade do sistema de saúde no Brasil é romper com o preconceito e corporativismo do setor
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 13h04.
São Paulo - Fazer parcerias entre hospitais públicos e privados, médicos do SUS e laboratórios particulares seria um dos caminhos para melhorar a questão da saúde no país. Essa foi uma das conclusões dos participantes do primeiro debate do Fórum Exame Info – O Futuro da Saúde, organizado pelas revistas Exame e INFO em São Paulo.
A conversa “Como Melhorar a Gestão do Sistema Público” foi mediado por André Lahóz, diretor da Unidade de Negócios da Editora Abril, e contou com a participação de Gonzalo Vecina Neto, superintendente corporativo do Hospital Sírio Libanês, Michele Caputo Neto, secretário de Estado de Saúde do Paraná, e René Parente, líder de prática de saúde no Brasil da Accenture.
“A maior dificuldade (do sistema de saúde no Brasil) é romper com o preconceito e corporativismo do setor para ganhar agilidade”, diz Caputo Neto. Segundo ele, falta aos gestores a visão de que é preciso ter escala para que um investimento seja viável.
“No Paraná, por exemplo, é comum na audiência com deputados, prefeitos e secretários municipais, ouvir demanda para construir hospitais com 15 leitos, comprar equipamentos ou criar laboratórios municipais muito específico”.
Caputo afirma que, levando em conta as necessidades demográficas, é possível montar redes em parceria com o setor privado para atender às diferentes necessidades da população.
“Enxergamos parceiros da filantropia e do privado, especialmente na alta complexidade de urgência e emergência, como preferenciais para fazer investimentos”, diz, citando melhora nos índices de mortalidade materna e nenonatal nas maternidades graças a esses investimentos. “Os melhores índices são nesses consórcios”.
A necessidade de parcerias entre os setores também pode ser evidenciada pelos números. “Hoje, o Brasil gasta de 9% de seu PIB com saúde. Mas esse total, apenas 45% correspondem aos gastos dos 150 milhões de brasileiros que dependem do serviço público de saúde”, diz Gonzalo. Isso significa que 55% dos gastos de saúde beneficiam apenas 50 milhões de pessoas, ou ¼ da população, que tem acesso a médicos particulares. “E, desse total, 80% são pagos por empresas na forma de benefícios, como convênios”.
Segundo Gonzalo, essa possibilidade de juntar forças e integrar redes é bem sucedida em outros países, como o Reino Unido, e não significa a eliminação de um atendimento gratuito.
“O SUS não vai deixar de existir, como o National Health Service não deixou de existir na Inglaterra”.
A melhor solução para o mercado nacional, no entanto, não seria um modelo importando. “O ideal é criar um novo sistema para o Brasil”, diz Parente. “Mas é importante lembrar que discutir o futuro da gestão nos serviços públicos é discutir governos, governantes e gestores”, diz Caputo. “Nada disso resiste à incompetência e corrupção do estado”.
São Paulo - Fazer parcerias entre hospitais públicos e privados, médicos do SUS e laboratórios particulares seria um dos caminhos para melhorar a questão da saúde no país. Essa foi uma das conclusões dos participantes do primeiro debate do Fórum Exame Info – O Futuro da Saúde, organizado pelas revistas Exame e INFO em São Paulo.
A conversa “Como Melhorar a Gestão do Sistema Público” foi mediado por André Lahóz, diretor da Unidade de Negócios da Editora Abril, e contou com a participação de Gonzalo Vecina Neto, superintendente corporativo do Hospital Sírio Libanês, Michele Caputo Neto, secretário de Estado de Saúde do Paraná, e René Parente, líder de prática de saúde no Brasil da Accenture.
“A maior dificuldade (do sistema de saúde no Brasil) é romper com o preconceito e corporativismo do setor para ganhar agilidade”, diz Caputo Neto. Segundo ele, falta aos gestores a visão de que é preciso ter escala para que um investimento seja viável.
“No Paraná, por exemplo, é comum na audiência com deputados, prefeitos e secretários municipais, ouvir demanda para construir hospitais com 15 leitos, comprar equipamentos ou criar laboratórios municipais muito específico”.
Caputo afirma que, levando em conta as necessidades demográficas, é possível montar redes em parceria com o setor privado para atender às diferentes necessidades da população.
“Enxergamos parceiros da filantropia e do privado, especialmente na alta complexidade de urgência e emergência, como preferenciais para fazer investimentos”, diz, citando melhora nos índices de mortalidade materna e nenonatal nas maternidades graças a esses investimentos. “Os melhores índices são nesses consórcios”.
A necessidade de parcerias entre os setores também pode ser evidenciada pelos números. “Hoje, o Brasil gasta de 9% de seu PIB com saúde. Mas esse total, apenas 45% correspondem aos gastos dos 150 milhões de brasileiros que dependem do serviço público de saúde”, diz Gonzalo. Isso significa que 55% dos gastos de saúde beneficiam apenas 50 milhões de pessoas, ou ¼ da população, que tem acesso a médicos particulares. “E, desse total, 80% são pagos por empresas na forma de benefícios, como convênios”.
Segundo Gonzalo, essa possibilidade de juntar forças e integrar redes é bem sucedida em outros países, como o Reino Unido, e não significa a eliminação de um atendimento gratuito.
“O SUS não vai deixar de existir, como o National Health Service não deixou de existir na Inglaterra”.
A melhor solução para o mercado nacional, no entanto, não seria um modelo importando. “O ideal é criar um novo sistema para o Brasil”, diz Parente. “Mas é importante lembrar que discutir o futuro da gestão nos serviços públicos é discutir governos, governantes e gestores”, diz Caputo. “Nada disso resiste à incompetência e corrupção do estado”.