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Enterrada neste domingo menina de 8 anos morta no Rio

Movimentos de favelas fizeram no sábado 21 uma denúncia formal à Organização das Nações Unidas contra o governador Wilson Witzel

Complexo do Alemão: a menina Agatha Vitória Sales Félix foi morta durante operação da Polícia Militar no local (Mario Tama/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 12h55.

Última atualização em 22 de setembro de 2019 às 12h56.

O enterro de Agatha Vitória Sales Félix, menina de oito anos morta durante operação da Polícia Militar no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro , será realizado neste domingo, 22. A cerimônia terá início às 16h na capela 13 do Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

O corpo só foi liberado às 21h30 de sábado, após um problema com o scanner corporal usado na perícia. De acordo com o Instituto Médico Legal, o equipamento tem três travas e uma delas não estava destravada corretamente por ter sido utilizado na capacitação de funcionários durante a semana. "O uso do scanner foi fundamental para verificar a imagem do fragmento do projétil que foi retirado para balística", afirmou o IML.

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Na noite deste sábado, 21, o porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro Mauro Fliess afirmou em entrevista à TV Globo que 'não há nenhum indicativo, nesse momento, de uma participação de um policial no triste episódio'. O porta-voz afirmou ainda que a PM vem reduzindo o número de mortes e que 'não vai recuar'.

#ACulpaÉdoWitzel: denúncia à ONU e repúdio da Anistia Internacional

A morte de Agatha gerou uma onda de manifestações neste final de semana. Durante o sábado, a hashtag #ACulpaÉdoWitzel, que relaciona a morte da menina à política de segurança pública do governador Wilson Witzel (PSC), chegou a ser a mais comentada no Twitter. Parlamentares de oposição como Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se pronunciaram sobre a morte.

A Anistia Internacional publicou uma thread no Twitter repudiando o acontecimento e mencionou Witzel diretamente, marcando seu nome de usuário. "E alertamos a @wilsonwitzel: Como autoridade máxima de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, a responsabilidade do governador é prevenir e combater a violência com inteligência e levando em consideração que todas as vidas importam", afirmou a organização.

Movimentos de favelas fizeram neste sábado, 21, uma denúncia formal à Organização das Nações Unidas (ONU) contra o governador Witzel. O documento foi encaminhado à alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michele Bachelet, e à Relatoria Especial sobre Execuções Sumárias e Extrajudiciais. Os grupos pedem ao Alto Comissariado da ONU uma resposta pública e incisiva cobrando o Estado Brasileiro e pedem que apontem que Witzel violou obrigações de direito internacional ratificadas pelo Estado brasileiro.

De acordo com a denúncia, assinada pelos grupos Papo Reto, Fórum Grita Baixada, Instituto Raízes em Movimento, Fórum Social de Manguinhos, Mães de Manguinhos, Movimento Moleque, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência e Arquitetxs Faveladxs, 'a morte de Agatha é mais uma tragédia diretamente relacionada à política bárbara de segurança pública que está sendo conduzida pelo governador'.

O documento menciona dados como o aumento do total de pessoas mortas pela polícia no estado do Rio de Janeiro. De janeiro a agosto foram 1249, alta de 16,2% em ao mesmo período de 2018. “O alvo é sempre o mesmo, jovens negros e pobres, que vivem nas favelas da cidade e do Estado”, destaca.

A seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) também destacou o “recorde macabro” de 1249 pessoas mortas pela polícia entre janeiro a agosto. A entidade lamentou o que chamou de “normalização da barbárie” pelo Executivo estadual e por parte da população, que encara com normalidade a média de cinco mortos por dia pela polícia, o que considera “sintoma de uma sociedade doente”.

Morte de Agatha Felix

Agatha estava em uma Kombi com o avô na noite de sexta-feira, 20 quando foi atingida por um tiro de fuzil nas costas. A menina foi levada ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, no bairro da Penha, onde morreu na madrugada de sábado.

A versão do governo do Estado é de que houve confronto no Complexo do Alemão e que policiais da UPP Fazendinha revidaram a agressão de criminosos. O governo do Rio afirmou lamentar profundamente a morte de Agatha, assim como a de todas as vítimas inocentes, durante ações policiais.

O governo diz que o trabalho realizado pelas polícias, que têm como principal objetivo localizar criminosos e apreender armas e drogas, é pautado por informações da área de inteligência e segue protocolos rígidos de execução, sempre com a preocupação de preservar vidas.

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