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Entenda o que é o Conselho da República, que Bolsonaro citou em discurso

Presidente discursou a apoiadores e voltou a fazer ameaças contra o STF; lei de 1990 prevê decidir sobre uma possível intervenção federal

Bolsonaro em cerimônia pelo Dia da Independência, em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro em cerimônia pelo Dia da Independência, em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 7 de setembro de 2021 às 14h00.

Última atualização em 8 de setembro de 2021 às 08h31.

Ao discursar a apoiadores na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste feriado de 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro disse que participará amanhã de uma reunião do Conselho da República, que, entre outras atribuições, discute a “estabilidade das instituições democráticas de direito” e pode decidir sobre uma intervenção federal.

— Vou a São Paulo e retorno, amanhã estarei no Conselho da República, juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês mostrar para onde nós todos devemos ir — disse Bolsonaro.

Convocado pelo presidente, o conselho está previsto na Constituição e pode decidir sobre uma intervenção federal, estados de defesa e sítio, além de discutir questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

Segundo a legislação, participam do conselho, além do presidente, o vice-presidente da República, os presidentes da Câmara e do Senado, além dos líderes da maioria e da minoria das duas casas legislativas. Também está prevista a participação do ministro da Justiça e de seis cidadãos com mais de 35 anos, sendo que Presidência, Câmara e Senado indicam duas pessoas cada um.

Embora Bolsonaro tenha citado que a reunião terá a participação do STF, a lei não prevê o judiciário na composição do Conselho da República. Neste feriado da Independência, Bolsonaro voltou a fazer ameaças golpistas contra o STF e pressionou o presidente da Corte, ministro Luiz Fux.

— Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou sentença que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três Poderes continue barbarizando a nossa população. Ou chefe desse poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos — disse Bolsonaro.

Enquanto o presidente falava, apoiadores do presidente gritavam "fora, Alexandre". O ministro Alexandre de Moraes, do STF, é o relator de inquéritos em que Bolsonaro e seus e aliados figuram como investigados. O principal deles mira na existência de uma milícia digital suspeita de espalhar notícias falsas.

Por decisões de Moraes, o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, foi preso. Em seu discurso, Bolsonaro foi crítico ao falar sobre detenções de aliados.

— Não podemos mais aceitar prisões políticas no nosso Brasil. Nós todos aqui na Praça (dos Três Poderes, onde também fica o Palácio do Planalto), juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela ou se enquadra ou pede para sair.

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