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Empresário diz a Moro que "nunca mais" vai pagar propina

Mariano Marcondes Ferraz é acusado de pagar propina de US$ 868.450.000 para obter a renovação do contrato firmado entre a Decal do Brasil e a Petrobras

Moro: Mariano confirmou a Moro o pagamento de vantagem indevida (José Cruz/Agência Brasil)

Moro: Mariano confirmou a Moro o pagamento de vantagem indevida (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de outubro de 2017 às 15h36.

São Paulo - O empresário Mariano Marcondes Ferraz, representante da empresa Decal do Brasil, afirmou em interrogatório nesta terça-feira, 17, perante o juiz federal Sérgio Moro, que a Operação Lava Jato "foi um grande alívio" e que "nunca mais" vai pagar propina.

O executivo é acusado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em razão do pagamento de propina de US$ 868.450,00, para obter a renovação do contrato firmado entre a Decal do Brasil e a Petrobras, no Porto de Suape, em Pernambuco.

"Obviamente é uma situação que eu me arrependo muito por isso. A minha vida mudou completamente. Hoje eu estou morando no Brasil, estou no Brasil há um ano, mas longe de atividade, estou afastado das empresas, tenho meus filhos morando fora. É uma coisa que certamente eu garanto que nunca mais vai acontecer, mas me arrependo muito do que foi feito e infelizmente é um fato que a gente tem que passar por isso e espero que o tempo vá me ajudar com isso", afirmou.

Mariano confirmou a Moro o pagamento de vantagem indevido ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Segundo o empresário o ex-dirigente da estatal disse a ele "que para a coisa caminhar era necessário fazer um pagamento".

"Foi direto ao assunto", relatou Mariano.

A força-tarefa da Lava Jato narra na denúncia que, em 2006, a Petrobras contratou a Decal do Brasil para a prestação de serviços de armazenagem e acostagem de navios no Porto de Suape (PE), com prazo de duração de cinco anos.

Ao final do contrato, relata a Procuradoria da República, no Paraná, havia resistência da estatal em realizar nova contratação da empresa, que insistia em renovar o contrato com preços majorados.

O pagamento de propina, afirmam os procuradores, começaram em 2011 e ocorreram por meio de três repasses ao então diretor da estatal em conta offshore. Naquele ano foram pagos US$ 439.150,00.

Mariano contou que a renovação ocorreu em 2012. Houve pagamentos em agosto daquele ano e em fevereiro de 2014.

"Teve um pagamento inicial, são US$ 240 mil, que na realidade foi um pagamento, eu fiz um cálculo de um ano de contrato com a comissão que havia sido definida que era um ano e meio, quer dizer, tinha sido solicitada, no sentido de que ele mencionou que o mínimo da comissão seria um e meio. De prontidão eu aceitei, naquele momento da reunião. O que foram feitos foram cálculos baseados no contrato mensal e na realidade eu convertia naquele momento para fazer os pagamentos em dólar", afirmou.

Moro questionou o empresário se os pagamentos haviam parado em 2014.

"Pagamentos posteriores não teve. A realidade foi que o pagamento parou porque, enfim, foi o início da Operação Lava Jato. Na realidade essa operação é um grande alívio para vários empresários que sofreram essa mesma situação", declarou Mariano.

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