Empresa diz que Paulo Guedes não é seu diretor, como apontou MPF
Segundo documento assinado pela Procuradoria da República no DF, Guedes vai ser investigado por supostas fraudes em fundos de pensão
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 13h43.
Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 13h46.
São Paulo e Brasília - A Liq (Contax) afirmou, nesta quinta-feira, 11, que o economista Paulo Guedes , chefe da equipe econômica de Jair Bolsonaro, não é diretor da empresa, como afirmou, em documento de instauração de Procedimento Investigativo Criminal, a força-tarefa da Operação Greenfield. Guedes é investigado por supostas fraudes em fundos de pensão.
Em um trecho do documento que deu início às investigações, a Contax é atribuída a Guedes, e a Procuradoria afirma a necessidade de investigar se há relações entre doações da empresa e aportes em fundos de investimentos do economista de Bolsonaro.
Segundo a empresa Paulo Roberto Reckziegel Guedes foi seu conselheiro. O nome do economista que assessora Bolsonaro é Paulo Roberto Nunes Guedes, que está investigado por sua atuação no FIP BR Educacional.
Segundo documento assinado pela Procuradoria da República no Distrito Federal, no dia 2 de outubro, Guedes vai ser investigado por supostas fraudes em fundos de pensão.
A investigação foi aberta com base em relatórios sobre dois fundos de investimentos (FIPs) administrado por uma empresa de Guedes que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013, de fundos de pensão de estatais. Também será apurada a emissão e negociação de títulos imobiliários sem lastros ou garantias.
As informações levantadas pela Previc, segundo o MPF, apontam que há "relevantes indícios de que entre fevereiro de 2009 e junho de 2013, diretores/gestores dos fundos de pensão Funcef, Petros, Previ, Postalis (todas alvos da Operação Greenfield), Infraprev, Banesprev e FIPECQ e da sociedade por ações BNDESPar possam ter se consorciado com o empresário Paulo Roberto Nunes Guedes, controlador do Grupo HSM Brasil, a fim de cometerem crimes de gestão fraudulenta ou temerária de instituições financeiras equiparadas e emissão e negociação de títulos mobiliários sem lastros ou garantias, relacionados a investimentos no FIP BR Educacional".
No mesmo documento em que abre a investigação, o Ministério Público Federal diz que, entre as diligências necessárias para investigar Guedes, a necessidade de apurar as "conexões" entre doações de R$ 53 milhões a partidos e políticos da empresa Contax e aportes de fundos de pensão. Segundo a Procuradoria, Guedes é diretor da Contax.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa Liq (Contax) informou que Paulo Roberto Nunes Guedes, assessor na área econômica da campanha de Bolsonaro, não foi seu diretor, mas teve em seu quadro de conselheiros Paulo Roberto Reckziegel Guedes, que não é investigado.
Em nota divulgada, os advogados de Paulo Guedes disseram que "causa perplexidade" que, às vésperas da definição da eleição presidencial, tenha sido instaurado um procedimento para apurar fatos apresentados por um relatório "manifestamente mentiroso". "Resta claro que essa iniciativa é uma afronta à democracia cujo principal objetivo é o de confundir o eleitor", destacaram. "Cumpre esclarecer que o fundo FIP BR EDUCACIONAL não trouxe qualquer prejuízo aos fundos de pensão. Ao contrário. Ele apresentou retorno substancialmente acima do objetivo estabelecido no regulamento firmado entre os cotistas. Da mesma forma, não houve, ao longo da operação, qualquer conduta antiética ou irregular por parte de Paulo Guedes, cuja reputação jamais foi questionada e é amplamente reconhecida no Brasil e no exterior."
Os advogados ainda afirmaram que a defesa vai "apresentar toda a documentação que comprova a lisura das operações, esclarecer quaisquer dúvidas das autoridades competentes e reitera sua confiança na Justiça brasileira".