Jean Wyllys: o ativista que deixou o Brasil por ameaças foi convidado para palestrar sobre populismo (José Cruz/Agência Brasil)
Clara Cerioni
Publicado em 15 de março de 2019 às 11h50.
São Paulo — A embaixadora do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Maria Nazareth Farani Azevedo, protagonizou um bate boca com o ex-deputado federal Jean Wyllys, nesta sexta-feira (15), em Genebra, na Suíça.
De acordo com o jornalista do UOL Jamil Chade, que gravou o momento e divulgou em seu Twitter, a discussão começou após um discurso do ativista, que foi convidado para falar sobre populismo.
Barraco na ONU promovido pela embaixadora do Brasil que se recusou a ouvir a resposta de Jean Wyllys. pic.twitter.com/kB8XP8TByv
— Jamil Chade (@JamilChade) March 15, 2019
Segundo o jornalista, o ex-deputado explicou que Bolsonaro ganhou com uma campanha baseada na disseminação de fake news e no discurso de ódio.
A embaixadora, então, pediu a palavra e começou a atacar as falas do ativista — que deixou o Brasil por conta de ameaças.
No vídeo, a representante do Brasil aparece se levantando para sair, quando um dos membros estrangeiros questiona: "a senhora não quer ouvir a resposta dele?". Ela rebateu: "só se eu tiver direito de responder de novo".
Em meio a risadas dos membros da comissão, que ouviam Wyllys, alguns participantes a alertaram de que não é dessa forma que funciona.
Nesse momento, o ex-deputado toma o microfone e começa a falar sobre as atitudes do governo de Jair Bolsonaro.
"Se a senhora quisesse um debate, ouviria minha resposta. Minha presença amedronta a senhora e seu governo, que não tem compromisso com a democracia, sobretudo em um momento em que a imprensa revela ligações entre organizações criminosas, os assassinos de Marielle Franco e a família do presidente da República", dispara o ativista.
A embaixadora interrompe as falas de Wyllys diversas vezes enquanto ele pedia para que ela "respeitasse a democracia". Nesse momento, ela levanta e deixa a sala.
O jornalista que gravou o momento afirmou que, nos corredores da ONU, há um movimento para considerar o gesto da diplomacia brasileira como um assédio contra defensores de direitos humanos.
Bolsonaro está reclamando de sua "imagem ruim", apresentado nos meios de comunicação do exterior como”racista, homofóbico e ditador”. Ele deu a entender que caberia aos diplomatas brasileiros reverter isso.