O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, saiu derrotado e teve que cancelar sabatina de Messias. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 17h20.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), cancelou a sabatina que estava marcada para o próximo dia 10 com o advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF). O anúncio representa uma vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que trabalhou pelo adiamento da análise da indicação diante da resistência à escolha de Messias entre os senadores.
O cancelamento amplia a crise entre o governo e o Senado. Alcolumbre afirmou que desmarcou a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça porque o Executivo, apesar de ter anunciado Messias para o Supremo e publicado no Diário Oficial, não enviou a mensagem ao Congresso com a indicação, etapa burocrática necessária para a Casa Legislativa apreciar a indicação do presidente.
"Após a definição das datas pelo Legislativo, o Senado foi surpreendido com a ausência do envio da mensagem escrita referente à indicação, já publicada no Diário Oficial da União e amplamente anunciada. Essa omissão, de responsabilidade exclusiva do Poder Executivo, é grave e sem precedentes. É uma interferência no cronograma da sabatina, prerrogativa do Poder Legislativo", afirmou Alcolumbre.
O presidente do Senado irritou-se com a escolha de Messias porque apoiava a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o assento no tribunal mais importante do país no lugar de Luís Roberto Barroso, que antecipou sua aposentadoria.
Os parlamentares resistem à escolha de Lula por entenderem que se tratou de mais uma indicação, assim como as de Cristiano Zanin e Flávio Dino, de um nome de sua extrema confiança e sem negociação com o Legislativo.
No último final de semana, Alcolumbre já havia emitido uma nota com duras críticas ao governo. Ele acusou "setores do Executivo" de tentarem empregar a narrativa de que a resistência a Messias ocorria por "interesses fisiológicos", ou seja, como chantagem para votar a favor da indicação em troca de cargos no governo.
Nesta terça-feira, 2, o presidente do Senado anunciou o cancelamento "para evitar a possível alegação de vício regimental no trâmite da indicação". O tom duro de Alcolumbre da nota indica uma ampliação da crise.