Em projeção pessimista, governo estima criação de 20 mil novos leitos
Quantidade seria necessária caso a disseminação do coronavírus não seja controlada nas próximas semanas no Brasil
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de março de 2020 às 09h30.
Última atualização em 21 de março de 2020 às 09h38.
O governo federal tem discutido cenários para enfrentar a epidemia de coronavírus com a indústria de produtos para saúde. Na projeção mais pessimista, com quadro similar ao que ocorre na Itália, a ideia é instalar até 20 mil novos leitos. O número foi apresentado em reuniões recentes do Ministério da Saúde e do gabinete de crise instalado no Planalto .
O número de casos no Brasil vem aumentando nas últimas semanas e o governo tenta achatar a curva de casos de coronavírus . Ou seja diminuir a velocidade com que surgem novos casos para que o sistema de saúde dê conta de atender todos os pacientes sem entrar em colapso. O jornal O Estado de S. Paulo comparou a evolução de casos de covid-19 no Brasil e em outros países com grande número de registros, como Itália e China (veja mais nesta página). Os gráficos mostram que a curva achata conforme medidas de isolamento são tomadas.
Diante da possibilidade de explosão de registros, o governo e o setor de saúde têm tentado encontrar soluções para montar estruturas para atender pacientes. Até agora, o governo só anunciou a contratação de equipamentos para montar 2 mil leitos. Os Estados também têm aberto espaços por conta própria. Ontem, o ministério publicou portaria para custear - com diária de R$ 800 - 2.540 leitos, que são a soma do previsto até aqui pelo governo Bolsonaro e o já instalado por governadores. Para chegar ao número máximo de leitos, o governo já avalia usar hospitais de campanha e até requisitar a rede privada.
Em cenário otimista, o governo espera ter de instalar até 5 mil leitos. Somando redes pública e privada, o Brasil tem 55,1 mil leitos e 65.411 respiradores, equipamento tido como essencial para tratar casos graves da síndrome respiratória.
Um desafio será encontrar produtos para montagem dos leitos. A indústria tem relatado que a produção fora do Brasil está comprometida com encomendas de países mais ricos atingidos antes pela covid-19. Já a produção nacional seria insuficiente para suprir a demanda. São apenas quatro fábricas de respiradores no País.
Algumas opções estão sendo traçadas. O governo tem interesse em aproveitar a baixa de casos na China para usar produtos fabricados e até usados por lá. Como muitos desses dispositivos não têm registro no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia flexibilização de regras para importação. Outra ideia é reservar linhas de produção de empresas estrangeiras apenas para atender à demanda brasileira.
Nos dois casos, a indústria tem alertado que o governo precisa apresentar logo a sua proposta ao mercado - senão, pode ficar para trás na corrida global por produtos contra a pandemia. Segundo o setor, o mais correto não é o governo indagar "quanto a indústria pode fornecer", mas apresentar demanda sólida, aproveitando o forte poder de compra do SUS para forçar o interesse de empresas.
O governo tem dito que pretende estimular a produção no Brasil. Segundo pessoas que participam das discussões, em reuniões internas fica mais claro, no entanto, que grande parte da demanda terá de ser atendida por importações.
Medidas
Procurado, o Ministério da Saúde informou que "conforme a necessidade do enfrentamento poderão ser adotadas medidas, como a realização de giro de leitos e reorganização de cirurgias que não são emergenciais, além de novas locações de leitos". "As medidas serão implementadas conforme as necessidades locais", disse a pasta./ Colaboraram Rodrigo Menegat e Daniel Bramatti)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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