Brasil

Em meio a crise política, PT evita autocrítica e fecha com Lula

Maior partido de esquerda da América Latina, como define o próprio Lula, elegerá esta semana seu novo comando em um congresso em Brasília

Lula: ex-líder sindical deixou o Palácio do Planalto como o presidente mais popular da história recente (Ricardo Stuckert / Instituto Lula/Divulgação)

Lula: ex-líder sindical deixou o Palácio do Planalto como o presidente mais popular da história recente (Ricardo Stuckert / Instituto Lula/Divulgação)

A

AFP

Publicado em 30 de maio de 2017 às 12h22.

O impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, deixou a esquerda em choque e acabou com quatro governos consecutivos do Partido dos Trabalhadores (PT), que busca, agora, renascer de suas cinzas.

E o carismático Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de seus 71 anos e cinco processos por corrupção nas costas, aparece como a única figura capaz de resgatar sua criação.

Em meio a uma nova crise, agora envolvendo o presidente conservador Michel Temer, o maior partido de esquerda da América Latina, como define o próprio Lula, elegerá esta semana seu novo comando em um congresso em Brasília.

O encontro começa com apenas uma certeza: Lula será candidato em 2018, e não há plano B.

"O partido está em uma encruzilhada. Sofreu uma crise muito grande, que começou há algum tempo e se agravou com a Lava Jato. É uma situação ambígua. O partido vive uma crise de identidade muito séria e, ao mesmo tempo, tem um grande recurso político na figura de Lula", disse Fernando Lattman-Weltman, analista do Instituto de Ciências Sociais da UERJ.

O ex-líder sindical deixou o Palácio do Planalto como o presidente mais popular da história recente e, mesmo enfrentando cinco processos por crimes de corrupção, tráfico de influência e obstrução à Justiça, entre outros, lidera as pesquisas para a eleição presidencial de outubro de 2018.

Segundo o Instituto Datafolha, 30% dos eleitores votariam em Lula no primeiro turno em 2018, apesar de a mesma pesquisa apresentar um índice de rejeição de 45% em relação ao ex-presidente.

2018, um horizonte distante

A velocidade e a virulência da crise que abala o país desde que Temer foi gravado conversando com um empresário sobre a compra do silêncio de um ex-deputado preso tornam julho de 2018 - data na qual os partidos começarão a registrar seus candidatos - um horizonte distante.

Se Temer for forçado a deixar o poder, o Congresso elegerá o novo chefe de Estado, que governará até o fim de 2018.

"A reunião do PT servirá mais para afirmar sua linha política nos próximos tempos: o lançamento de Lula e a discussão de um programa econômico de emergência", resumiu o deputado Paulo Pimenta, da corrente "Muda PT", que propõe uma severa autocrítica.

"A conjuntura acaba forçando a agenda pela gravidade do momento", destacou Paulo Pimenta, referindo-se ao Congresso do Partido, que terá início nesta quinta-feira (1º) e encerrará no sábado (3), 48 horas antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciar o julgamento da chapa Dilma-Temer.

O Partido dos Trabalhadores sofreu um duro revés nas eleições municipais de 2016 e perdeu muito espaço no rastro do impeachment de Dilma.

"A desconstrução do PT foi muito forte. O laço de confiança com a sociedade se rompeu, e estamos começando a recuperá-lo, mas é um processo", disse a senadora Gleisi Hoffmann, uma das candidatas a presidir esta nova etapa do PT.

Gleisi Hoffmann, que está sendo julgada pelo Supremo no caso Petrobras, afastou qualquer possibilidade de um debate sobre um candidato alternativo à presidência para o caso de Lula ser impedido de concorrer pela Justiça, no caso de uma condenação e a decisão ratificada em segunda instância.

"Nosso candidato é Lula", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaPartidos políticosPolíticaPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Detentos fazem rebelião e incendeiam presídio em Franco da Rocha, na Grande SP

Convenções em SP começam neste sábado com indefinições

Artefatos indígenas retidos na França retornam ao Brasil

Convenções começam neste sábado com oficialização de candidaturas de Boulos, Paes e Fuad

Mais na Exame