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Em meio à crise no governo, FHC pede respeito à Constituição

O ex-presidente disse que os políticos citados nas delações dos executivos da JBS precisam dar explicações para a população sobre as acusações

FHC: "A solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição" (Branca Nunes/VEJA/VEJA)

FHC: "A solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição" (Branca Nunes/VEJA/VEJA)

AB

Agência Brasil

Publicado em 18 de maio de 2017 às 17h08.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse hoje (18), por meio das redes sociais, que os políticos que foram citados nas delações dos executivos do frigorífico JBS precisam dar explicações para a população sobre as acusações e, caso essa resposta não seja convincente, eles devem "facilitar a solução".

Em sua postagem no Facebook, o ex-presidente sugeriu que essa facilitação da solução poderia vir com a renúncia.

"Os atingidos por elas têm o dever de se explicar e oferecer à opinião pública suas versões. Se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar, são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia. O país tem pressa. Não para salvar alguém ou estancar investigações", disse FHC.

Em seu perfil, o ex-presidente pediu também que seja dada publicidade às gravações.

"A solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição. É preciso saber com maior exatidão os fatos que afetaram tão profundamente nosso sistema político e causaram tanta indignação e decepção. É preciso dar publicidade às gravações e ao fundamento das acusações", escreveu.

Entenda o caso

Na tarde de hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin decidiu abrir inquérito para investigar o presidente Michel Temer.

A medida foi tomada a partir das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, controlador do frigorífico Friboi.

O conteúdo dos depoimentos envolvendo Temer foi antecipado ontem (17) pelo jornal O Globo.

Segundo a reportagem, em encontro gravado em áudio pelo empresário Joesley Batista, Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio.

Cunha está preso em Curitiba. As delações dos empresários também implicam o senador afastado Aécio Neves, presidente do PSDB, mesmo partido de FHC.

Segundo o jornal, as gravações em posse da Justiça revelam que o parlamentar pediu uma propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista.

Aécio teria indicado seu primo Frederico Pacheco de Medeiros para receber o montante. Hoje, Fachin determinou o afastamento de Aécio do Senado e o primo e a irmã de Aécio, Andrea Neves, foram presos preventivamente.

A Presidência da República divulgou nota na noite de ontem (17) na qual informa que o presidente Michel Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha", que está preso em Curitiba, na Operação Lava Jato.

Hoje, o Palácio do Planalto pediu ao STF acesso à íntegra das gravações.

Já a assessoria de Aécio Neves informou ontem, pelas redes sociais, que ele está "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos".

"No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários", diz a nota, divulgada ontem.

A defesa do senador confirmou hoje (18) o pedido de empréstimo de R$ 2 milhões para custear gastos com advogados nas investigações da Operação Lava Jato, mas disse que foi um pedido a "um amigo que pode ajudar", sem relação com o cargo que ocupa.

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