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A Glenn Greenwald, Lula diz que ódio é estimulado contra PT

Em conversa com o jornalista responsável pelo vazamento das informações sobre espionagem do governo norte-americano, Lula ainda fez críticas à imprensa


	Lula: “se o PT comete erros, o PT tem que pagar como qualquer outro partido político".
 (Miguel Schincariol / AFP)

Lula: “se o PT comete erros, o PT tem que pagar como qualquer outro partido político". (Miguel Schincariol / AFP)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 11 de abril de 2016 às 16h43.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Glenn Greenwald, principal responsável pela divulgação das informações de Edward Snowden sobre espionagem nos Estados Unidos em 2013.

A conversa, conduzida em São Paulo, foi publicada pelo site “The Intercept”, com versões em português e inglês e vídeo da entrevista.

Durante a entrevista, o ex-presidente disse acreditar "estamos vivendo um momento em que o ódio é estimulado 24 horas por dia contra o PT".

Segundo Lula, o ódio é estimulado por pessoas que "não sabem repartir os espaços públicos com aqueles do andar de baixo".

Apesar disso, ele afirmou que está confiante de que as acusações contra si mesmo não serão comprovadas e que o estímulo ao ódio "não vai durar a vida toda".

O ex-presidente confrontou as acusações de corrupção feitas ao seu partido, mas defendeu as investigações dizendo que “se o PT comete erros, o PT tem que pagar como qualquer outro partido político tem que pagar ou como qualquer outra pessoa que não pertença a partido político”.

Ele ainda destacou que foi o próprio partido que permitiu que as instituições como Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Polícia Federal tivessem mais autonomia, o que acabou levando ao cenário das investigações atuais.

Apesar de defender as investigações, Lula criticou o que chamou de “pirotecnia” na cobertura dos processos.

"Será que para você fazer o processo de investigação (...) é preciso fazer disso um espetáculo de pirotecnia todo santo dia? Sem levar em conta que você pode estar condenando por uma manchete de jornal ou por uma reportagem na televisão alguém que depois venha a ser inocente?", questionou.

Impeachment

O ex-presidente criticou duramente o fato do processo pelo impedimento do mandato de Dilma Rousseff estar sendo conduzido por Eduardo Cunha (PMDB), que tem contas secretas na Suíça e é acusado de corrupção.

O jornalista pediu para o presidente tentar explicar para estrangeiros como isto acontece no Brasil, e Lula respondeu afirmando que a única explicação possível é uma “insanidade mental de algumas pessoas neste país”.

Sobre ter pedido o processo de impeachment para dois ex-presidentes brasileiros e agora acusar a oposição de golpe político, Lula argumentou que, no caso de Collor, foi comprovado o crime de responsabilidade, e por isso o impeachment se concretizou.

No caso de Fernando Henrique Cardoso, como não havia crime de responsabilidade, a Câmara nem chegou a aprovar o pedido. Com Dilma, no entanto, o pedido foi aprovado sem a comprovação de crime.

"A acusação que tem das pedaladas não foram crime (sic), não foram cometidas, sequer foram julgadas as contas da Dilma pelo Congresso Nacional", disse Lula.

Economia

Durante a entrevista, Lula reconheceu os erros de avaliação da política econômica de Dilma Rousseff, mas defendeu que o país continue apostando em medidas de crescimento, ao invés de adotar austeridade.

“Eu tenho discutido com a presidenta Dilma e eu tenho dito para a Dilma: a única chance de reverter esse quadro é a gente apontar com uma política econômica que gere expectativa e esperança para a sociedade brasileira”, afirmou.

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