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Em discurso, João Paulo deve questionar o STF

Presidente da Câmara entre 2003 e 2005, período em que ocorreu o mensalão, o petista terá direito aos chamados embargos infringentes


	João Paulo Cunha: deputado foi condenado no processo do mensalão a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato
 (Renato Araújo/Agência Brasil)

João Paulo Cunha: deputado foi condenado no processo do mensalão a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato (Renato Araújo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 21h13.

Brasília - Previsto para ocorrer na tarde desta quarta-feira, 11, no plenário da Câmara, o discurso do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) deverá se concentrar em quatro eixos que vão desde a trajetória política aos questionamentos sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão.

João Paulo Cunha foi condenado no processo do mensalão a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato.

Presidente da Câmara entre 2003 e 2005, período em que ocorreu o mensalão, o petista terá direito aos chamados embargos infringentes, que darão a ele a possibilidade de um novo julgamento pelo STF pelo crime de lavagem de dinheiro.

A estrutura do discurso de João Paulo foi discutida com pessoas próximas do petista que a revelaram ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Presente na Câmara nesta terça-feira,10, Cunha já podia ser visto carregando trechos do pronunciamento em algumas páginas dobradas e guardadas dentro do um dos bolso do blazer.

O tempo de discurso previsto é de, no mínimo, 25 minutos e a primeira parte deve ser dedicada a trajetória dos cinco mandatos como deputado.

Na segunda parte, o petista deve criticar o que classifica de "midiatização" e "espetacularização" ocorrida durante o julgamento do processo do mensalão.

Num terceiro momento, ele deve apresentar na tribuna documentos em que alega ser inocente dos crimes pelos quais foi condenado. Entre os argumentos preparados está o de que auditorias feitas durante o período em que presidiu a Câmara não apontaram desvios.


De acordo com a Procuradoria-geral da República, o petista recebeu R$ 50 mil do valerioduto para contratar uma das agências de Marcos Valério, a SMP&B, quando presidia a Câmara dos Deputados, e foi beneficiado pelo desvio de recursos públicos repassados à agência.

Para pessoas próximas, ele tem afirmado que essas acusações não têm relação com o esquema do mensalão, episódio em que houve a compra de voto de deputados da base aliada para que votassem a favor das propostas de interesse do então governo Lula.

No final do discurso, segundo pessoas próximas ao petista, João Paulo Cunha deve colocar à disposição a quebra dos sigilos bancários e fiscais "até a oitava geração". O objetivo, segundo essas pessoas informaram, é que se verifique que não houve enriquecimento ilícito nem uso de familiares como "laranjas" ao longo de sua trajetória como parlamentar.

Após o pronunciamento, o petista também pretende abrir espaço para perguntas dos presentes no plenário.

A decisão de ir à tribuna ocorre pouco mais de uma semana depois de o ex-presidente do PT José Genoino renunciar ao mandato de deputado após ser condenado e preso pelo processo do mensalão.

A decisão de Genoino passou pela cúpula do PT. Entre os que foram consultados, na ocasião, estavam o ex-presidente Lula e o atual presidente do partido, Rui Falcão.

A decisão, segundo integrantes do PT, serviu para "estancar" possíveis impactos eleitorais da abertura de um processo de cassação contra Genoino na Câmara, que tinha previsão de se arrastar ao longo de 2014, ano de eleições presidenciais.

Nesta quarta-feira o petista também pretende distribuir uma revista com cerca de 50 páginas em que apresenta a sua defesa em relação ao processo do mensalão. A revista contará basicamente com um editorial e uma estrutura de pergunta e respostas sobre o caso.

Ela leva o título "A verdade nada mais que a verdade sobre a ação penal".

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