Bolsonaro: o objetivo do presidente com o encontro é explicar a atuação do governo federal contra o coronavírus e diminuir o impacto que os documentos levantados pelo TCU tenham no Senado (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 27 de abril de 2021 às 10h25.
No dia da instalação da CPI da Covid no Senado, o presidente Jair Bolsonaro recebeu quatro ministros do Tribunal de Contas da União. Os relatórios produzidos pelo tribunal são uma das principais armas usadas pelos integrantes da comissão para investigar a gestão do governo federal em relação à pandemia.
Entre os ministros do TCU presentes no encontro com Bolsonaro estão Augusto Nardes e Jorge Oliveira. Este último é próximo do presidente e foi indicado por ele para o cargo no final de 2020 após comandar a Secretaria-Geral da Presidência. Alguns ministros do governo Bolsonaro também estão presentes no encontro.
O objetivo do presidente com o encontro é explicar a atuação do governo federal contra o coronavírus e diminuir o impacto que os documentos levantados pelo TCU tenham no Senado. Em um desses relatórios, o Tribunal indica que, diante da situação grave da doença no país, o Ministério da Saúde tinha obrigação de auxiliar os estados menos estruturados e que esse tipo de omissão configura “abuso de poder”.
Outro ponto levantado pelos documentos do tribunal foi a lentidão para a aquisição de testes para covid-19. Segundo o relatório do TCU, a política de testagem do governo não foi adequada para a gravidade da doença no país.
Técnicos descobriram que a distribuição de kits de testes pelo Ministério da Saúde aos estados não atendia a um plano estratégico definido e que a pasta tinha testes suficientes para realizar uma ampla testagem na população,o que poderia evitar o “recrudescimento da epidemia”.
O relatório do TCU também apontou que, apesar de o país ter vivido escassez de medicamentos do chamado “kit intubação” em meados de 2020, o Ministério da Saúde continuava sem ter um mecanismo próprio de monitoramento sobre o consumo dos medicamentos. Nas últimas semanas, diversos estados relataram a falta do medicamento usado para anestesiar pacientes que precisam ser intubados.
A pasta acompanhava o uso desses medicamentos somente nos leitos de hospitais públicos e não considerava o consumo em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e que a distribuição dos medicamentos do kit intubação não considerava as peculiaridades das demandas dos Estados.
Na avaliação dos técnicos do TCU, a gestão da compra e distribuição dos medicamentos feita pela equipe comandada por Pazuello foi “ineficaz”.