Presidente do PSDB, Bruno Araújo (PSDB/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de maio de 2022 às 09h24.
Última atualização em 26 de maio de 2022 às 09h41.
Após o ex-governador João Doria desistir da pré-candidatura presidencial e a cúpula do MDB confirmar o apoio à senadora Simone Tebet (MS), o PSDB inicia a última etapa de negociação antes de fechar a aliança com a legenda. Em entrevista ao Estadão, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse que a "quase totalidade" do partido defende a tese de que os tucanos devem abrir mão de um nome próprio, apesar de ainda existir um foco de resistência.
Para sacramentar o acordo, porém, o PSDB colocou uma condição: que o MDB apoie seus candidatos a governador no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso do Sul e em Pernambuco. "Esses três Estados são fundamentais para avançarmos nessa construção." A seguir, trechos da entrevista:
Estamos em um processo de construção. Diria que quase a totalidade do partido gostaria de ter uma candidatura própria, porque isso é da natureza do PSDB desde 1989. Mas a mesma totalidade tem a compreensão de que são os acordos que mantêm a atividade política de pé. É público que o (então) governador João Doria, eu e o (então) vice-governador Rodrigo Garcia levamos ao presidente Michel Temer e ao Baleia Rossi (presidente do MDB) em dezembro do ano passado uma proposta de aliança.
Depois do gesto do Doria, há três pilares nesta construção. O primeiro o MDB superou na terça-feira quando a executiva confirmou o nome de Simone Tebet como pré-candidata. O segundo pilar é o programa de governo. O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que liderou o processo de construção do programa de governo da pré-candidatura do PSDB, vai agora compatibilizar uma construção pública de compromissos com MDB e Cidadania. Temos muitas visões comuns. O terceiro pilar é a reciprocidade nos palanques regionais, que são fundamentais para o PSDB. O Rio Grande do Sul, onde a liderança de Eduardo Leite é primordial na eleição estadual. Isso se repete em Mato Grosso do Sul, Estado da senadora Simone Tebet e governado pelo PSDB. Não nos parece coerente que não haja essa unidade. E Raquel Lyra em Pernambuco, que é uma das apostas nossa desta renovação de lideranças do PSDB. Esses três Estados são fundamentais para avançarmos nessa construção.
Se acontecer a consolidação dessa construção, me parece absolutamente natural. Mas esse é o último enredo neste episódio.
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É uma discussão legítima que, no conteúdo, pode representar o sentimento das raízes do partido, mas na forma está reduzida. Há compreensão da sólida maioria do partido de que há a construção de um compromisso político trazido por um conjunto de partidos. A maioria do partido tem a compreensão de que temos um acordo político em andamento.
O senador Aloysio é um dos quadros que mais respeito na vida pública. Tenho discordância em relação à opção que ele fez neste momento, mas guardo de forma respeitosa sua opinião.
O PSDB está pagando a conta da eleição presidencial de 2018. A redução de quadros e do tamanho do partido se estabeleceu com o resultado tímido que o PSDB teve na eleição presidencial. Não é o fato de ter candidatura que fixa o posicionamento político no Parlamento. Não é a eleição presidencial que vai marcar a unidade nas Casas Legislativas.
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A condução da campanha não foi do PSDB, mas do governador Geraldo Alckmin. O PSDB confiou a ele a autonomia plena. Ele não só era candidato à Presidência da República, mas também presidente do partido. Aglutinava todo o poder e força política. Estamos pagando o preço de um resultado eleitoral tímido. Foram mais erros do que acertos nas decisões que foram tomadas.
Os candidatos nossos que venceram para governador tiveram um discurso mais firme. Estamos colhendo os efeitos colaterais daquela eleição.