Brasil

Doria janta com Temer e Tebet para discutir terceira via

Enquanto isso, Bruno Araújo, presidente do PSDB, disse que o acordo entre os partidos está acima das prévias tucanas, vencidas por Doria

Governador de São Paulo, João Doria. (Governo de SP/Divulgação)

Governador de São Paulo, João Doria. (Governo de SP/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de abril de 2022 às 14h33.

Em meio à dissidência pública no PSDB contra a pré-candidatura presidencial do ex-governador João Doria, o ex-presidente Michel Temer (MDB) foi escalado para mediar um acordo entre o tucano e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que desponta como o nome mais "estável" no consórcio político formado entre o PSDB, o MDB e o União Brasil. Enquanto isso, Bruno Araújo, presidente do PSDB, disse que o acordo entre os partidos está acima das prévias tucanas, vencidas por Doria.

As três legendas determinaram o dia 18 de maio como data-limite para o anúncio do palanque único da chamada "terceira via". Doria, Tebet e Temer jantaram na noite desta terça-feira, 12, na casa do empresário Caco Alzugaray, dono da Editora Três. O encontro ocorreu após o União Brasil lançar formalmente o deputado Luciano Bivar como "pré-presidenciável".

A avaliação na cúpula do PSDB é que o nome de Simone ganhou força e desponta como favorito depois de reunir o apoio formal da maioria dos diretórios estaduais e da bancada do MDB. Integrantes da sigla reagiram às novas investidas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se reuniu em Brasília com caciques da legenda como Renan Calheiros , José Sarney e Eunício Oliveira.

"O MDB banca a Simone. Temos 37 deputados federais, sendo apenas 5 contrários e que apoiam Lula. A nossa grande maioria é de apoio a Simone Tebet. E a maioria vai vencer. É o que rege a democracia", disse ontem o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na saída de um evento com tucanos em homenagem ao ex-prefeito Bruno Covas, morto em maio de 2021.

Nas conversas entre a cúpula dos três partidos há consenso que o nome de Doria hoje está fragilizado e isolado dentro do próprio PSDB, que não está disposto a abrir o cofre para bancar a campanha presidencial do ex-governador.

Decisão soberana

Presente ao evento em homenagem a Covas, Bruno Araújo repetiu para os jornalistas o que tinha dito reservadamente antes em um jantar fechado com empresários: a decisão tomada pelo consórcio MDB, PSDB e UB no dia 18 maio será definitiva e soberana, estando portanto acima do resultado das prévias.

"Estou deixando claro que o PSDB está contido no acordo de uma aliança nacional. João Doria é o candidato do PSDB e está contido neste acordo, mas não seremos candidatos de nós mesmos. O PSDB não vai às ruas este ano com um candidato de si próprio", disse o dirigente tucano.

Em seu discurso diante de uma plateia de militantes tucanos, Araújo disse que, se estivesse vivo, Bruno Covas seria o "maior entusiasta" da pré-candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) - que estava no palco - ao governo paulista, mas não citou Doria. O ex-governador foi o primeiro a discursar, mas ficou pouco no evento.

A maioria dos oradores exaltou Rodrigo Garcia e ignorou Doria, ou citou apenas de forma protocolar o nome do pré-candidato ao Palácio do Planalto. As duas únicas falas que deram destaque ao ex-governador foram dos aliados Fernando Alfredo, presidente municipal do PSDB, e Marco Vinholi, presidente estadual do partido.

"Não existe isso (do acordo partidário valer mais. O que vale é o resultado das prévias, a não ser que o João Doria abra mão da candidatura. E ele não vai abrir", disse Alfredo ao Estadão. Já o ex-senador José Aníbal (PSDB), que também estava no palco, defendeu a posição de Araújo.

Constrangimento

O evento em homenagem a Covas colocou lado a lado os principais aliados de Eduardo Leite, ex-governador gaúcho, em São Paulo e o grupo de Doria. O clima era de constrangimento.

Apesar de novamente fazer uma declaração desfavorável a Doria, Bruno Araújo fez um gesto ao ex-governador. "Os movimentos de Eduardo Leite são legítimos, mas a candidatura posta neste entendimento é de João Doria", afirmou.

No jantar com empresários na segunda-feira, Bruno Araújo disse que o PSDB vai homologar a candidatura que sair do consenso entre os partidos. "Pode ser o Leite, o Doria, a Simone, ou o Luciano Bivar Se você perguntar aqui se pode dar um acordo e trazer o Temer novamente como candidato, pode", afirmou.

Aos empresários, Araújo disse ainda acreditar que 95% de seus correligionários apoiarão a decisão tomada pela coligação. E afirmou que não vai "operar" para que o presidenciável dessa coligação seja do PSDB. "Irei operar para que tenhamos um candidato. Se for do PSDB, estarei duas vezes atendido. Há um senso público de oferecer alternativa à sociedade brasileira."

Acompanhe tudo sobre:João Doria JúniorMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPSDBSimone-Tebet

Mais de Brasil

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado

Quem foi Luiz Galeazzi, empresário morto em queda de avião em Gramado

Em SP, 65.000 seguem sem luz e previsão é de chuva para a tarde deste domingo