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Doria diz que doação do próprio salário é "política pública"

O valor de R$ 17.948 foi repassado a presidente do Conselho Administrativo da AACD que antes havia lido um discurso para agradecer o gesto

Doria: "São 48 salários que serão doados", disse. "Eu, felizmente, não preciso e posso fazer a doação" (Rovena Rosa/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 19h31.

São Paulo - À direita da representante da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), o prefeito João Doria (PSDB) exibiu para um auditório cheio na tarde desta segunda-feira, 6, uma réplica aumentada do cheque do seu primeiro salário líquido, semelhante àqueles usados em programas de TV que ajudam pessoas necessitadas.

O valor de R$ 17.948 foi repassado a Regina Helena Velloso, presidente do Conselho Administrativo da entidade, que antes havia lido um discurso para agradecer o gesto. Ao falar, Doria disse considerar o ato uma "política pública" da Prefeitura.

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Para fazer a doação, Doria convocou a imprensa e sentou-se na bancada junto de dois secretários municipais: Cid Torquato, da Pessoa com Deficiência, e Patrícia Bezerra, de Direitos Humanos e Cidadania, no auditório da Prefeitura.

Questionado se ele considerava o repasse do próprio salário uma política pública, uma vez que não houve anúncio de novo programa, Doria respondeu que sim.

"Considero. Acho que é um gesto positivo, conforme lembrou a Regina. Um gesto motivador para que outras pessoas possam fazer o mesmo", disse o prefeito.

"Quem pode avaliar melhor do que eu são as instituições que receberam aqui o nosso salário, o nosso gesto e a nossa atitude", prosseguiu Doria.

"Eu sei que vocês não estão acostumados com isso, mas nós estamos inovando em tantas coisas aqui na Prefeitura, (essa é) mais uma. Aos pouquinhos, vocês vão acostumando com o que é fazer o novo e ser transformador na vida da cidade."

Na ocasião, Doria aproveitou para chamar o seu chefe de gabinete, Wilson Pedroso, na frente do auditório e repassar um cheque de R$ 200 à AACD, referente à multa por ele ter ultrapassado os 15 minutos de tolerância de atraso, em uma das reuniões com os secretários.

Até o momento, Pedroso foi o único punido pela chamada "Lei Soninha", segundo o prefeito.

"Mais do que a doação, eu queria agradecer o exemplo de solidariedade", disse Regina Helena Velloso, que informou que a participação do SUS no orçamento da AACD é de cerca de 20%.

"Com essas crises, as doações estão diminuindo." Em seu discurso, o secretário Cid Torquato lembrou que foi paciente da entidade após sofrer um acidente grave durante uma viagem à Croácia, em 2007, e disse que o vídeo de Doria andando de cadeira de rodas foi o que "mais bombou na internet".

Já Patrícia Bezerra defendeu a "desburocratização" de doações a entidades.

"São 48 salários que serão doados", repetiu Doria. "Eu, felizmente, não preciso e posso fazer a doação."

O prefeito anunciou, ainda, que repassará o próximo salário ao Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), mas se limitou a informar a sigla da entidade.

Em outubro, Doria cometeu uma gafe ao anunciar a AACD como a primeira instituição beneficiada e afirmou que doaria o dinheiro para "crianças defeituosas".

No mesmo dia, o prefeito pediu desculpas por meio da assessoria de imprensa e informou que cometeu o equívoco porque esse era o nome antigo da entidade.

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