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Dodge envia ao STF parecer contra liberdade a Joesley e Saud

Os executivos foram presos no mês passado por determinação do ministro Edson Fachin após a rescisão dos benefícios do acordo de delação premiada

Joesley: os advogados sustentam que os acusados jamais cooptaram o ex-procurador Miller (Adriano Machado/Reuters/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 18h59.

Última atualização em 9 de outubro de 2017 às 19h29.

Brasília - Afirmando que o empresário Joesley Batista tem "impulso voltado a praticar crimes capazes de aumentar o seu poder econômico", a procuradora-geral da República, Raquel Dodge , enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da manutenção da prisão preventiva do dono do Grupo J&F e do ex-executivo do grupo Ricardo Saud.

O relator Edson Fachin, que determinou a prisão, pediu a opinião da Procuradoria-geral da República depois que os investigados recorreram dessa decisão.

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Dodge afirmou que a soltura de ambos traria risco à investigação e à instrução criminal, à ordem pública e à aplicação da lei penal.

Afirmando que Joesley é "integrante de organização criminosa dotada de elevado poderio econômico", a procuradora-geral destacou que a suspeita de Joesley ter se valido de informações privilegiadas para fazer operações no mercado financeiro, afirmando que o empresário tem "impulso voltado a praticar crimes capazes de aumentar o seu poder econômico".

"Há claras evidências de omissão de fatos graves, do ajustamento de depoimentos e declarações, além da apresentação de provas e fatos ainda não revelados às autoridades, apenas no momento mais oportuno para defesa", disse Dodge.

"Não se pode olvidar, também, que o grande poder econômico do recorrente - que conta com propriedades, contas e residência no exterior - evidencia uma clara possibilidade de ocultação de bens e provas no estrangeiro, além de um fundado risco de fuga, o que representaria embaraço evidente à aplicação da lei penal", disse Dodge sobre Joesley.

"Os fatos de que se tem notícia são gravíssimos, o caso é emblemático e sem precedentes na história do País, de forma que as investigações devem ser conduzidas com seriedade e cercadas de extrema cautela pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. Não há espaço para incertezas", assinalou.

Dodge afirmou, ainda, que há indícios de omissão intencional, premeditada e de má-fé de fatos, incluindo sobre a participação de Marcello Miller enquanto ainda era procurador da República.

As evidências encontradas não dizem respeito apenas à possível atuação ilícita do ex-Procurador da República Marcelo Miller, o áudio e seu conteúdo demonstram, também, que os colaboradores estão agindo de forma orientada e que seus depoimentos buscam esclarecer de forma homogênea apenas os fatos que lhes interessam expor.

Sobre Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais do Grupo J&F, Dodge afirmou que "a omissão a ele imputada, e que restou evidenciada nos autos, é referente ao possível conhecimento de fatos ilícitos que teriam sido praticados por terceiras pessoas, as quais teriam prestado serviços à organização criminosa, e que nunca foram informados às autoridades competentes".

Ela destacou a cidadania paraguaia de Saud. "Não se pode olvidar, também, que o poder econômico ostentado pelo recorrente e o fato de ter cidadania paraguaia - mantendo, inclusive no Paraguai, conta bancária não informada às autoridades brasileiras - evidencia uma clara possibilidade de ocultação de bens e provas no estrangeiro, além de um fundado risco de fuga, o que representaria embaraço evidente à aplicação da lei penal", disse.

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