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Divisão de siglas será obstáculo para presidente eleito

A fragmentação de siglas médias de centro e o crescimento de bancadas nos extremos do espectro político são tidos como obstáculos à governabilidade

Bolsonaro e Haddad: se eleito, o candidato do PSL teria apoio de 191 parlamentares. O do PT, 169 (Ricardo Moraes/Amanda Perobelli/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 17h40.

Brasília - Líder em intenções de voto, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) teria hoje, se vitorioso, apoio de 191 deputados eleitos na Câmara. Adversário dele, o petista Fernando Haddad contaria, se eleito, com uma representação inicial de até 169 parlamentares.

A soma de Bolsonaro inclui integrantes de seu partido, do PTB, do PSC e do Patriota - os três que aderiram formalmente à candidatura no segundo turno - e de legendas de centro e centro-direita que mostraram predileção por ele, como PSD, DEM, PRB, Podemos, Novo e PRP. A base do deputado pode ser mais elástica e chegar a 307 deputados, se somados MDB, PP, PR e siglas nanicas, que não atingiram a cláusula de barreira e devem perder congressistas.

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A cláusula de barreira é uma regra de desempenho aprovada na reforma política de 2017 que estabelece critérios mínimos de votação para que partidos tenham acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de TV no horário eleitoral.

Já entre os aliados do petista estão contabilizados os coligados PCdoB e PROS, mais os aliados no segundo turno - PSB, PDT, PSOL, Rede e PPL -, além de Solidariedade, PV e Avante, legendas que indicaram preferência pela candidatura de esquerda.

No total, 30 partidos elegeram representantes na Câmara - atualmente são 25 na Casa. A fragmentação de siglas médias de centro e o crescimento de bancadas nos extremos do espectro político são tidos como obstáculos à governabilidade, seja de Bolsonaro ou Haddad.

Há expectativa de uma redução para 21 partidos no início da próxima legislatura, porque nove não atingiram a cláusula de barreira. As legendas grandes e médias buscam engordar suas bancadas com os 32 deputados dos nanicos que negociam fusões.

Desafios

Como a aliança partidária formal de Bolsonaro está "longe de ser suficiente", segundo um dos caciques dispostos a apoiá-lo, um dos desafios será consolidar acordos com partidos do Centrão - DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade -, MDB e PSD para conquistar governabilidade. As siglas têm histórico fisiológico, e Bolsonaro promete não ceder a pressões, que admite existir, por espaço. Mas o candidato já declarou que não demoniza cargos comissionados e não pretende acabar com os cerca de 25 mil existentes.

Líderes de partidos do grupo veem dificuldades na estratégia de conversar com os deputados no chamado varejo do plenário, uma tentativa de driblar liderança de bancadas e caciques.

Articulador político e virtual ministro da Casa Civil, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) vem conversando separadamente com parlamentares e caciques. Esteve com o MDB e o PSD e refez pontes no DEM, que terá representantes no primeiro escalão.

"Nenhum partido de centro tem característica de fazer oposição para marcar posição. O projeto que for bom para o País vai passar. Vamos ter um ano de lua de mel. É natural que isso ocorra, porque Bolsonaro vem com muita força da urna, com prestígio, clamor popular", afirma o líder do MDB, deputado reeleito Baleia Rossi (SP). "Individualmente, cerca de 80%, 90% dos deputados do MDB se declararam votantes do Bolsonaro. O MDB não reivindica cargos, não quer absolutamente nada."

Bolsonaro conta com a "boa vontade" do PSD, presidido pelo ministro Gilberto Kassab (Comunicações), alvo frequente de críticas do candidato. Dos 34 deputados da sigla, só cinco (eleitos na Bahia e em Sergipe aliados ao PT) se opuseram a declarar apoio a ele no segundo turno.

Também do Centrão, PP e PR possuem as bancadas mais divididas entre Bolsonaro e Haddad, por causa de alianças regionais. E a base do Solidariedade tem feito campanha pelo petista. Mesmo assim, dirigentes não colocam nenhum dos três na oposição.

Os partidos querem manter Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Casa. Com trânsito na esquerda, ele desponta como favorito se propuser independência do Planalto. A eleição interna passa pela sigla do presidente eleito, que costuma usar a força do Executivo para tentar emplacar um aliado, seja PT ou PSL, as duas maiores bancadas.

Em crise interna, o PSDB adotou neutralidade, mas a expectativa é de que deputados apoiem a pauta econômica condizente com o programa do partido, em um governo de Bolsonaro, e façam oposição a Haddad.

Esquerda

Partidos que seriam a base de Haddad espelham a oposição a Bolsonaro. Com a tendência de derrota do petista, siglas médias que cresceram, como PSB e PDT, buscam protagonismo. O líder reeleito do PSB, Tadeu Alencar (PE), defende uma atuação "propositiva", para não transformar o Congresso em um terceiro turno. "Palavras de ordem já não são suficientes. Não vamos para o enfrentamento puro e simples, ficar apenas na contestação. Temos que puxar o debate econômico, da reforma tributária, do enfrentamento de privilégios, em vez de ceder à pauta primitivista."As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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