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Diretor da OMS sobre Bolsonaro: países têm soberania para escolher vacinas

Presidente Jair Bolsonaro decidiu nesta semana que país não utilizará a vacina chinesa Coronavac no Sistema Único de Saúde

Vacina: OMS deve começar a ter à disposição dados sobre sua eficácia em novembro (Images By Tang Ming Tung/Getty Images)

Vacina: OMS deve começar a ter à disposição dados sobre sua eficácia em novembro (Images By Tang Ming Tung/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 14h46.

Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 15h04.

O diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta, 23, que a compra de vacinas é assunto da "soberania nacional" dos países, e que acredita "que o governo federal vai trabalhar no que é melhor para o Brasil", em resposta ao anúncio de Jair Bolsonaro de não adquirir os imunizantes chineses.

Ainda sobre a situação brasileira, Ryan afirmou que cada país tem uma condição singular, tendo de ser observada a trajetória do vírus, mas que há atualmente uma "infraestrutura científica muito forte", e que "as condições agora são melhores" do que no começo da pandemia.

Em relação à liberação do remdesivir, anunciada nesta quinta, 22 pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de remédios e alimentos dos Estados Unidos, Ryan afirmou que as instituições podem liberar medicamentos que não necessariamente serão utilizados nas terapias, não havendo conflito.

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, indicou que os dados nos quais a FDA se baseou não levaram em conta o resultado da pesquisa Solidariedade, que não havia registrado queda na mortalidade a partir da prescrição do remdesivir.

Swaminathan afirmou que a OMS deve começar a ter à disposição dados sobre eficácia das vacinas em novembro, e que, no princípio de 2021, a instituição deve se posicionar sobre a recomendação de imunizantes específicos.

A este passo, deve se seguir uma aplicação das vacinas em pessoas de grupos de risco, que a cientista espera que seja de forma bem distribuída globalmente. Defendendo a iniciativa Covax, afirmou que é a melhor opção para os países garantirem a vacina, citando inclusive o Brasil.

"Temos de balancear as expectativas", ponderou, lembrando que apenas entre 10% e 20% das vacinas costumam ser eficazes, mas que há, "felizmente", muitas candidatas para a covid.

"Alguns países viram um aumento exponencial de casos e a situação é crítica, em especial no Hemisfério Norte", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. O diretor instou governos a fazer o possível para "impedir o colapso dos serviços de saúde e que escolas fechem outra vez", além de "ajudar famílias e negócios a se manterem". Alguns países mais pobres tiveram muitos problemas com suprimento de oxigênio, destacou, citando especialmente algumas nações africanas. Sobre o tema, afirmou: "Apoiamos a colaboração entre países e o setor privado para prover oxigênio".

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