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Dinamarquês que "abandonou" país lança documentário da Copa

Embora não prove principal denúncia prometida – extermínio de crianças de rua em Fortaleza – vídeo do "gringo que viu o que gringos não devem ver" é bem realizado. Assista

Mikkel Keldorf na foto que ficou famosa após ser publicada no Facebook (Reprodução Facebook / Mikkel Keldorf)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2014 às 14h32.

São Paulo – Depois de virar debate nacional por ter deixado o Brasil após ver o que gringos não "deveriam ver, o dinamarquês Mikkel Keldorf lançou seu anunciado documentário, O Preço da Copa. O material, de quase 30 minutos, foi disponibilizado no YouTube ontem e mostra o custo social do mundial (assista ao final da matéria).

Após uma passagem sem destaque como jornalista independente no país – o que levantou suspeitas de que o famoso desabafo no Facebook tivesse intenções promocionais - Keldorf  revelou em abril deste ano que voltaria à Dinamarca porque o sonho de cobrir a Copa virou "um pesadelo".

Com o documentário, ele espera concluir a promessa de mostrar o lado dos prejudicados com o evento, incluindo a denúncia mais grave: a de que crianças estariam sendo mortas em Fortaleza para limpar a cidade para os jogos.

Embora bem realizado, o vídeo não cumpre este último ponto: a informação é passada por um dirigente de uma entidade beneficente, mas fica o dito pelo não dito.

Começou a haver na cidade grupos de extermínio atirando em meninos dormindo na rua. Dois estavam dormindo com mais seis amigos na fachada de uma farmácia em uma avenida conhecida de Fortaleza . E um carro preto parou à noite, baixou o vidro e atirou em todos. Dois morreram. Os organizadores desse evento não querem que os turistas , que a imprensa internacional veja o lado pobre e desigual do nosso país, diz Manoel Torquato, da ONG Criança não é da rua, aos 13 minutos da gravação.

O documentário pode confundir estrangeiros em ao menos um trecho: no momento seguinte à fala de Torquato, o deputado estadual Marcelo Freixo, do Rio de Janeiro, aparece explicando o funcionamento das milícias e de grupos de extermínio investigados pela Assembleia do estado.

São pessoas, na grande maioria das vezes agentes da segurança pública , contratados por comerciantes para fazer um serviço de extermínio, matar assaltantes, moradores de ruas, aqueles que incomodam, afirma.

Misturar um fato confirmado e investigado – milícias no Rio de Janeiro – com outro – extermínio de crianças em Fortaleza – pode dar a impressão de que são a mesma coisa, ou que estão relacionadas.

Restrições à parte, Keldorf, que narra o vídeo, entrevistou ainda vários especialistas e pessoas removidas de suas casas , assim como crianças de rua.

Reside aí o ponto forte - e emocional - do documentário. Ele mistura a vida de dois jovens.

Um deles é um exemplo de superação e já não é morador de rua: ajudado por uma ONG, Dario vive em Fortaleza em uma pequena casa com a namorada, e aparece entre os jogadores vencedores de uma partida da Copa de crianças que estiveram em situação de rua.

A outro é Alisson, menino de 13 anos, de olhar desencontrado, que diz apenas querer emprego e estudo, mas que hoje, para passar o tempo, usa drogas : crack, maconha, pó.

O vídeo, em inglês, tem legendas em português .

//www.youtube.com/embed/8Er_mwgfW_Q

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São Paulo – Depois de virar debate nacional por ter deixado o Brasil após ver o que gringos não "deveriam ver, o dinamarquês Mikkel Keldorf lançou seu anunciado documentário, O Preço da Copa. O material, de quase 30 minutos, foi disponibilizado no YouTube ontem e mostra o custo social do mundial (assista ao final da matéria).

Após uma passagem sem destaque como jornalista independente no país – o que levantou suspeitas de que o famoso desabafo no Facebook tivesse intenções promocionais - Keldorf  revelou em abril deste ano que voltaria à Dinamarca porque o sonho de cobrir a Copa virou "um pesadelo".

Com o documentário, ele espera concluir a promessa de mostrar o lado dos prejudicados com o evento, incluindo a denúncia mais grave: a de que crianças estariam sendo mortas em Fortaleza para limpar a cidade para os jogos.

Embora bem realizado, o vídeo não cumpre este último ponto: a informação é passada por um dirigente de uma entidade beneficente, mas fica o dito pelo não dito.

Começou a haver na cidade grupos de extermínio atirando em meninos dormindo na rua. Dois estavam dormindo com mais seis amigos na fachada de uma farmácia em uma avenida conhecida de Fortaleza . E um carro preto parou à noite, baixou o vidro e atirou em todos. Dois morreram. Os organizadores desse evento não querem que os turistas , que a imprensa internacional veja o lado pobre e desigual do nosso país, diz Manoel Torquato, da ONG Criança não é da rua, aos 13 minutos da gravação.

O documentário pode confundir estrangeiros em ao menos um trecho: no momento seguinte à fala de Torquato, o deputado estadual Marcelo Freixo, do Rio de Janeiro, aparece explicando o funcionamento das milícias e de grupos de extermínio investigados pela Assembleia do estado.

São pessoas, na grande maioria das vezes agentes da segurança pública , contratados por comerciantes para fazer um serviço de extermínio, matar assaltantes, moradores de ruas, aqueles que incomodam, afirma.

Misturar um fato confirmado e investigado – milícias no Rio de Janeiro – com outro – extermínio de crianças em Fortaleza – pode dar a impressão de que são a mesma coisa, ou que estão relacionadas.

Restrições à parte, Keldorf, que narra o vídeo, entrevistou ainda vários especialistas e pessoas removidas de suas casas , assim como crianças de rua.

Reside aí o ponto forte - e emocional - do documentário. Ele mistura a vida de dois jovens.

Um deles é um exemplo de superação e já não é morador de rua: ajudado por uma ONG, Dario vive em Fortaleza em uma pequena casa com a namorada, e aparece entre os jogadores vencedores de uma partida da Copa de crianças que estiveram em situação de rua.

A outro é Alisson, menino de 13 anos, de olhar desencontrado, que diz apenas querer emprego e estudo, mas que hoje, para passar o tempo, usa drogas : crack, maconha, pó.

O vídeo, em inglês, tem legendas em português .

//www.youtube.com/embed/8Er_mwgfW_Q

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