Dilma vive crise aguda, avaliam especialistas
Especialistas apontam para os dados de avaliação do governo e a homogeneidade da insatisfação com o Executivo
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2015 às 15h49.
São Paulo - Mais do que o baixo número de eleitores que aprovam o governo Dilma Rousseff - dados divulgados esta semana pelo Datafolha apontam que a avaliação ruim/péssima do governo subiu de 44% para 62% de fevereiro para cá -, o dado mais grave do levantamento, segundo a socióloga Fátima Pacheco Jordão, é a rapidez com que o quadro se deteriorou e a homogeneidade da insatisfação, que chega regiões e setores da sociedade mais próximos à presidente.
A especialista em pesquisas de opinião ressalta que a "aguda crise de opinião pública" não necessariamente reflete a situação do governo diante das crises que enfrenta na política e na economia, mas a avaliação que a população faz deste cenário. Segundo ela, a rapidez da mudança na opinião do brasileiro pode ser explicada, entre outros fatores, pela piora da situação econômica. "Nem sempre crises políticas e econômicas são sentidas pela população, mas neste momento está afetando o bolso, de maneira diferente, de todas as classes", avalia.
A saída possível para o governo em uma situação delicada como a atual exige "respostas fortes". A professora concorda que elas ainda não foram apresentadas desde que os opositores do governo foram às ruas no último domingo, mas vê as medidas adotadas até aqui como um começo.
Fátima Pacheco Jordão avalia como boa para o governo a "abertura inédita" da presidente ao público e à imprensa, com entrevistas coletivas e falas em que admite erros. O plano anticorrupção, criticado por parlamentares, ainda não pode ser rejeitado na opinião da professora. "Tiraram de gaveta planos anticorrupção que os analistas dizem que não são suficientes. Mas é cedo para saber se não é suficiente", afirma.
Já de acordo com o professor da Fundação Getúlio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira, a pesquisa Datafolha mostra que a situação do Congresso Nacional também é difícil. Com 9% de aprovação, o Congresso, apesar de não ter sido alvo direto das manifestações de domingo, terá de dar respostas à população e não poderá se dar ao luxo de travar projetos do Poder Executivo sob pena de "morrer abraçado" com o governo, avalia o cientista político.
"As manifestações evidenciam o Executivo, mas o Legislativo não está deixado de lado. O governo sai na frente com pacote anticorrupção e o Congresso não vai poder travar ações do Planalto. Tenho a impressão de que retórica não vai funcionar", avalia Teixeira.
Na visão do especialista, o governo terá de ser competente na comunicação para mostrar à população que está fazendo sua parte e que determinada medida não é aprovada por causa do Congresso. Caso consiga, coloca mais pressão no Legislativo para aprovar as respostas à população.
A análise do cientista político é de que as medidas anticorrupção anunciadas pelo governo Dilma Rousseff são uma resposta tardia, mas ainda uma resposta. O Congresso, que tem os presidentes de suas duas Casas citados na lista da Lava Jato, pode ser, na visão de Teixeira, o próximo alvo da insatisfação popular. "Não acredito que o congresso vá travar a pauta. Senão as manifestações de rua vão começar a cobrar o Congresso", avalia.
São Paulo - Mais do que o baixo número de eleitores que aprovam o governo Dilma Rousseff - dados divulgados esta semana pelo Datafolha apontam que a avaliação ruim/péssima do governo subiu de 44% para 62% de fevereiro para cá -, o dado mais grave do levantamento, segundo a socióloga Fátima Pacheco Jordão, é a rapidez com que o quadro se deteriorou e a homogeneidade da insatisfação, que chega regiões e setores da sociedade mais próximos à presidente.
A especialista em pesquisas de opinião ressalta que a "aguda crise de opinião pública" não necessariamente reflete a situação do governo diante das crises que enfrenta na política e na economia, mas a avaliação que a população faz deste cenário. Segundo ela, a rapidez da mudança na opinião do brasileiro pode ser explicada, entre outros fatores, pela piora da situação econômica. "Nem sempre crises políticas e econômicas são sentidas pela população, mas neste momento está afetando o bolso, de maneira diferente, de todas as classes", avalia.
A saída possível para o governo em uma situação delicada como a atual exige "respostas fortes". A professora concorda que elas ainda não foram apresentadas desde que os opositores do governo foram às ruas no último domingo, mas vê as medidas adotadas até aqui como um começo.
Fátima Pacheco Jordão avalia como boa para o governo a "abertura inédita" da presidente ao público e à imprensa, com entrevistas coletivas e falas em que admite erros. O plano anticorrupção, criticado por parlamentares, ainda não pode ser rejeitado na opinião da professora. "Tiraram de gaveta planos anticorrupção que os analistas dizem que não são suficientes. Mas é cedo para saber se não é suficiente", afirma.
Já de acordo com o professor da Fundação Getúlio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira, a pesquisa Datafolha mostra que a situação do Congresso Nacional também é difícil. Com 9% de aprovação, o Congresso, apesar de não ter sido alvo direto das manifestações de domingo, terá de dar respostas à população e não poderá se dar ao luxo de travar projetos do Poder Executivo sob pena de "morrer abraçado" com o governo, avalia o cientista político.
"As manifestações evidenciam o Executivo, mas o Legislativo não está deixado de lado. O governo sai na frente com pacote anticorrupção e o Congresso não vai poder travar ações do Planalto. Tenho a impressão de que retórica não vai funcionar", avalia Teixeira.
Na visão do especialista, o governo terá de ser competente na comunicação para mostrar à população que está fazendo sua parte e que determinada medida não é aprovada por causa do Congresso. Caso consiga, coloca mais pressão no Legislativo para aprovar as respostas à população.
A análise do cientista político é de que as medidas anticorrupção anunciadas pelo governo Dilma Rousseff são uma resposta tardia, mas ainda uma resposta. O Congresso, que tem os presidentes de suas duas Casas citados na lista da Lava Jato, pode ser, na visão de Teixeira, o próximo alvo da insatisfação popular. "Não acredito que o congresso vá travar a pauta. Senão as manifestações de rua vão começar a cobrar o Congresso", avalia.