Dilma Rousseff e Lula: tradicionalmente, um presidente sobe a rampa ao ser eleito e só desce por ela ao entregar seu mandato a um sucessor (Adriano Machado / Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2016 às 20h42.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff deixará o Palácio do Planalto pela porta da frente, acompanhada de ministros e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo depois de receber a notificação do Senado sobre seu afastamento, e discursará para os manifestantes e movimentos sociais diante do Planalto, disse à Reuters uma fonte palaciana nesta quarta-feira.
Convencida por Lula, a presidente desistiu de descer a rampa do Palácio do Planalto para não dar a ideia de que, de alguma forma, concordava com seu afastamento e chancelava a decisão do Senado de abrir o processo de impeachment.
Tradicionalmente, um presidente sobe a rampa ao ser eleito e só desce por ela ao entregar seu mandato a um sucessor.
A presidente chegou a gravar, nesta tarde, um pronunciamento à nação, mas a opção do Planalto foi que ela faça um discurso,pois sua fala pode atingir a base social do PT, o que não aconteceria com a divulgação de um vídeo nas redes sociais.
Na reunião desta manhã, dos 30 ministros presentes, a maioria afirmou que sairia com a presidente do Planalto.
Alguns, como o ministro da Chefia de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, pretendem fazer a caminhada de quase cinco quilômetros entre o Planalto e o Palácio da Alvorada, acompanhando os manifestantes. Dilma, no entanto, deve ir de carro.
A previsão é que Dilma receba a notificação, entregue pelo primeiro secretário do Senado, senador Vicentinho Alves (PT-TO), entre 9h e 10h da quinta-feira.
Em seguida, enquanto o senador vai à vice-presidência notificar Michel Temer, Dilma sai do Planalto ao encontro dos manifestantes.
Antes disso, parlamentares que ainda apoiam o governo pretendem ir para o Planalto esperar a notificação com a presidente, para acompanhá-la na saída.
Exoneração
Na reunião desta manhã, ficou decidido que todos os ministros e assessores especiais serão exonerados a partir da quinta-feira, depois que a votação pela admissibilidade do impeachment se encerrar no plenário do Senado.
As exceções serão o ministro interino do Esporte, Ricardo Leyser, para não interromper os preparativos para a Olimpíada, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que alegou, durante o encontro, ser mais prudente que ficasse para “não travar o sistema financeiro”.
Também ficam nos cargos os presidentes das estatais. “A presidente não quer submeter seus auxiliares a perspectiva de serem demitidos por Michel Temer”, disse a fonte.
Os ministros não esperarão seus sucessores para fazer uma transição. A decisão é negar qualquer coisa além das informações técnicas necessárias para o governo continuar funcionando, o que deve ser feito por um servidor de segundo ou terceiro escalão designado para isso.
“A intenção é fazer um gesto mostrando que não vão compactuar com o golpe”, explicou a fonte.
Nesta quarta, os ministros da Justiça, Eugênio Aragão, da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, já reuniram os servidores para informar que não fariam transição.
A presidente da Caixa, Miriam Belchior, informou que irá gravar uma mensagem para ser distribuída aos funcionários do banco antes da sua saída.
Temer
O vice-presidente será notificado logo após a presidente e irá imediatamente para o Planalto, reunindo sua nova equipe e dando posse aos novos ministros. T
emer deverá fazer também um pronunciamento à imprensa ainda na manhã de quinta-feira, ou à tarde, a depender do horário em que a sessão no Senado se encerra e o momento em que for notificado de que assumirá a Presidência.