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Dilma assume articulação política e tenta debelar crise

Presidente chamou para um almoço no Palácio da Alvorada os senadores mais influentes do PMDB, seu principal aliado


	Dilma Rousseff: uma das principais preocupações da presidente com a CPI da Petrobras está relacionada à compra da refinaria de Pasadena, nos EUA
 (AFP/Getty Images)

Dilma Rousseff: uma das principais preocupações da presidente com a CPI da Petrobras está relacionada à compra da refinaria de Pasadena, nos EUA (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 10h00.

Brasília - Cobrada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, 4, para que atue politicamente e tente neutralizar o impacto da iminente instalação da CPI da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff chamou, na quinta-feira, 10, para um almoço no Palácio da Alvorada os senadores mais influentes do PMDB, seu principal aliado: o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o líder do governo, Eduardo Braga (AM), o líder do partido, Eunício Oliveira (CE), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Vital do Rêgo (PB).

O script anticrise incluiu a promessa a Eunício Oliveira que fará de tudo para garantir a ele a vaga na disputa para o governo do Ceará na coligação composta pelo PT e pelo PROS dos irmãos Cid e Ciro Gomes, uma reivindicação antiga do PMDB.

Uma das principais preocupações de Dilma com a CPI da Petrobras está relacionada à compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Em 2006, quando era presidente do Conselho de Administração da estatal, ela ajudou a aprovar a aquisição de 50% unidade. Depois, se opôs à compra de 100% da refinaria.

Esse é o ponto de partida da oposição no Senado. Vital do Rêgo, que esteve ontem com a presidente, ajudou a ampliar o escopo da comissão na quarta-feira, 9, - incluindo entre os assuntos a serem investigados o cartel no Metrô em São Paulo e suspeitas de irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco. O objetivo é desgastar os adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

No almoço, a presidente pediu ainda empenho dos peemedebistas para aprovar o Marco Civil da Internet no Senado na semana que vem. A ideia é que ela sancione a lei antes da conferência internacional sobre governança na internet, marcada para os dias 23 e 24, em São Paulo.

Dilma quer usar a lei que regulamenta a internet para dar uma resposta à espionagem feita pela agência americana NSA em seu governo. Os senadores prometeram votar a proposta já na semana que vem.

TCU. A presidente fez ainda consultas sobre o novo nome a ser indicado para o Tribunal de Contas da União (TCU) pelo Executivo. A indicação do senador Gim Argello (PTB-DF) foi tão combatida dentro e fora da corte que ele se viu obrigado a abrir mão de suas pretensões.

Haverá duas vagas no tribunal, uma que cabe ao Senado a nomeação, e outra ao Palácio do Planalto. Argello entraria como um nome do Senado. Dilma perguntou aos senadores se, na vaga do Executivo, haveria clima para a indicação da ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos). Ouviu, como resposta, que não deverá haver problemas quanto à aceitação de Ideli.


Os peemedebistas, porém, levaram para ela um nome para o lugar de Argello: Bruno Dantas, ex-consultor Jurídico do Senado, que atualmente está no Superior Tribunal de Justiça. Trata-se de uma indicação do senador José Sarney (PMDB-AL), de quem foi consultor jurídico no Senado, quando presidia Casa. Gim Argello foi alvo de manifestações por funcionários do TCU contrárias à sua indicação e provocou reações até mesmo do presidente do Tribunal.

Apoio

A presidente ainda fez gestos pela manhã aos movimentos sociais, que ao longo do seu mandato se queixaram do distanciamento de Dilma. Em um encontro que durou uma hora e meia, ela conversou com representantes do Movimento Passe Livre e de outros movimentos sociais, como União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Sem Terra (MST), Fora do Eixo e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Segundo os presentes, Dilma foi assertiva ao dizer que não iria reprimir manifestações neste ano. "A luta não se foca só nos parlamentos, precisa de mobilização das ruas", afirmou ela, que comparou o engajamento dos jovens ao movimento pelas Diretas-Já. "Digerimos a ditadura indo à rua, indo à briga", teria dito a presidente.

Ainda ontem, Dilma gravou uma série de mensagens em vídeo para serem apresentadas em inaugurações de entrega de projetos do Minha Casa, Minha Vida, e em formaturas de turmas do Pronatec, programa de ensino técnico. Esses são duas das principais vitrines da campanha da presidente à reeleição. Para cada cidade, ela fez uma gravação. Com isso, acha que pode suprir a ausência em eventos onde não poderá estar presente.

Dilma vai avançar também em Estados de seus futuros adversários. Na quarta-feira, 16, ela irá a Pernambuco, para o lançamento da viagem inaugural do Navio Dragão do Mar, no Porto de Suape.

Adesão. Na noite de anteontem, a presidente recebeu em seu gabinete, no Planalto, o apoio formal do PDT à sua candidatura à reeleição. O apoio foi levado pelo presidente do partido, Carlos Lupi, acompanhado do ministro do Trabalho, Manoel Dias, e de parlamentares da bancada. Dilma disse que aquela era uma "boa notícia". O PDT vinha negociando o apoio a Dilma para sustentar o ministro Manoel Dias no cargo.

Trata-se da segunda sigla da base aliada a anunciar o apoio oficial ao projeto de reeleição da petista. O primeiro foi o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. O anúncio de Kassab ocorreu no final do ano passado, quando ele passou a ser alvo de suspeitas ligadas à atuação da chamada Máfia do ISS na capital paulista durante a sua gestão. O anúncio do PDT ocorre em meio a suspeitas ligadas à gestão da sigla no Trabalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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