Deputados adiam discussão sobre sucessão na Câmara
A preocupação do Planalto é que a antecipação do debate rache a base e interfira na votação de matérias importantes para o governo
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2016 às 12h02.
Brasília - Após apelo do Palácio do Planalto, líderes da base aliada adotaram o discurso de que irão deixar para novembro o início das articulações para a eleição da presidência da Câmara , hoje ocupada pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A preocupação do Planalto é que a antecipação do debate rache a base e interfira na votação de matérias importantes para o governo, como a aprovação da proposta de emenda à Constituição que estabelece um teto para os gastos públicos, prevista para a semana que vem.
Na segunda, 17, um jantar do "centrão" inicialmente marcado para discutir o tema causou mal-estar entre auxiliares do presidente Michel Temer e acabou se transformando em uma reunião para debater a reforma política.
Coube ao ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) alertar os parlamentares que o Planalto considerava a discussão inoportuna neste momento. O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), só aceitou ir ao encontro após receber a garantia de que a sucessão de Maia não seria discutida.
Após os apelos, o anfitrião do jantar, o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), mudou o discurso e defendeu que as articulações para a sucessão do comando da Câmara tenham início após o segundo turno das eleições municipais, marcada para o dia 30. "A discussão desse processo é um pouco mais para frente. Começa em novembro e depois vai acelerando", disse.
Esse também foi o tom adotado pelo líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), que defende que é preciso esperar a votação da PEC do teto. "Agora não é o momento certo. Precisamos pensar no País", comentou.
Tanto Jovair como Rosso são cotados para concorrer à eleição interna da Casa, marcada para fevereiro. A ideia é que o centrão, grupo de 13 partidos como o PTB, PSD e PP, tenha um representante na disputa.
O desejo desses deputados é atrair o apoio do PMDB e ganhar força para derrubar candidatos de partidos mais tradicionais, como o PSDB, que pode lançar os nomes Antonio Imbassahy (PSDB-BA) ou Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Maia, por sua vez, também não descarta uma manobra regimental para tentar disputar a reeleição.