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Depois de atingir o RS, 'chuva preta' pode chegar a São Paulo?

O fenômeno acontece quando a atmosfera está seca e com muitas partículas de poluição e já aconteceu na capital paulista em 2019

São Paulo é o estado mais representado no ranking: com 511 empresas listadas, é seguido do Rio de Janeiro, com 132 (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 12h11.

Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 06h35.

Depois de dias de altas temperaturas, uma frente fria começou a entrar no país. O primeiro estado afetado foi o Rio Grande do Sul, onde moradores relataram uma 'chuva preta' , que carrega fuligem proveniente das fumaças das queimadas que tomam vários locais do Brasil.

"A chuva preta é causada pela fuligem ou pela poluição atmosférica. Ela acontece quando as partículas de poluentes estão suspensas na atmosfera e caem junto com a água da chuva, que fica de uma coloração escura. Quando o fenômeno acontece, significa que a qualidade do ar na região já estava ruim–a cor vem do próprio ar que estamos respirando", explica à EXAME Helena Turon Balbino, meteorologista do Inmet ( Instituto Nacional de Meteorologia ).

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No início da semana, o fenômeno atingiu cidades como Porto Alegre, Pelotas, Arroio Grande e Rio Grande, todas no Rio Grande do Sul. No Uruguai também houve a 'chuva preta'.

"Essa chuva segue um fluxo que vem desde a Amazônia, passando pelo Centro-Oeste e também pelos países que fazem fronteira com o Brasil, como Bolívia e Paraguai, até chegar ao Rio Grande do Sul. Por isso, o fenômeno chega também a outros locais próximos, como Santa Catarina, Paraná e São Paulo, podendo chegar até mesmo a Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás", afirma Helena.

Este, no entanto, não é um fenômeno corriqueiro. Trata-se de algo que acontece quando a atmosfera está seca e com muitas partículas de poluição. Em 2019 isso já ocorreu em São Paulo , quando o céu ficou preto em plena luz do dia. Análises davam conta de que a água tinha resquício de queimadas da época.

Vai ter 'chuva preta' em São Paulo?

A partir do próximo domingo, 15, o calor dará uma trégua em São Paulo. Desde o início de setembro, a capital paulista tem sido afetada por uma das piores ondas de calor da história, que elevou a temperatura média em até 5ºC e se uniu a uma massa de ar seco que derrubou a umidade relativa do ar. Com isso, a qualidade do ar da cidade foi considerada a pior do mundo por três dias consecutivos de acordo com o site de monitoramento IQAi.

Junto com a frente fria, haverá achegada de chuvas isoladas, de acordo com o Inmet. Segundo a especialista do instituto, é possível que o fenômeno da 'chuva preta' ocorra em todo o fluxo por onde essa frente fria passa de Noroeste ao Sudeste, o que inclui São Paulo.

Há, no entanto, a possibilidade de, devido a forte secura do ar, a umidade não chegar a precipitar, ou então gerar uma chuva muito fraca. "Nestes casos, o que acontece é apenas uma névoa umida", explica.

O que é 'chuva preta'

O fenômeno acontece quando as partículas de fuligem (ou soot, em inglês ) se misturam às gotas de chuva, alterando sua coloração. Embora não seja tóxica, essa precipitação pode causar estranhamento e levantar preocupações sobre a qualidade do ar e os impactos das queimadas.

Em agosto de 2019, São Paulo já havia experimentado algo semelhante, quando o céu escureceu durante a tarde, em plena luz do dia, devido à fumaça das queimadas na Amazônia.

A presença do soot na atmosfera não apenas afeta a visibilidade e a coloração da chuva, mas também pode ter consequências para a saúde humana. Partículas finas podem ser inaladas e penetrar nos pulmões, piorando problemas respiratórios, especialmente em grupos vulneráveis como crianças, idosos e pessoas com doenças preexistentes.

Além disso, a fuligem depositada no solo e em corpos d'água pode contribuir para a poluição ambiental, afetando ecossistemas e a qualidade da água potável.

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