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Denúncia contra Temer será derrubada, diz presidente do PP

Ciro Nogueira disse não ter "nenhuma dúvida" de que a Câmara vai barrar essa primeira denúncia de Janot

Câmara: "A denúncia é fraquíssima. É um absurdo, porque não havia elementos para denunciar Temer" (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 12 de julho de 2017 às 21h31.

Brasília - O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), classificou de "fraquíssima" a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer e afirmou que a Câmara vai rejeitar a autorização para que seja julgado por corrupção passiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"A denúncia é fraquíssima. É um absurdo, porque não havia elementos para denunciar Temer. Ele (Janot) deveria juntar as acusações para dar mais força em vez de entrar com uma de cada vez", criticou.

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Ciro Nogueira disse não ter "nenhuma dúvida" de que a Câmara vai barrar essa primeira denúncia - Janot já sinalizou, nos bastidores, que deverá mover novas acusações em breve.

Segundo Nogueira, grande parcela da imprensa radicalizou no discurso contra o presidente e tentou se vender a ideia de que, após a revelação do caso envolvendo as delações da JBS, que o governo tinha caído e o presidente seria cassado.

"O presidente não vai cair. Se o centrão estiver com ele -o PP, o PTB e outras legendas- não haverá número para afastar o presidente", disse. Para ele, a oposição sozinha não tem votos suficientes para aprovar a autorização para o STF julgar Temer.

O PP foi o primeiro partido a fechar questão no voto pró-Temer. Na noite de terça-feira, o líder da bancada, Arthur Lira (AL), comunicou a Ciro Nogueira a decisão dos deputados da legenda de votar para derrubar o voto do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), favorável à autorização para julgar Temer tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quanto no plenário da Câmara.

O presidente do partido argumentou que a decisão -que poderá levar à punição de parlamentares que votarem contrariamente à orientação da legenda- segue a mesma linha da época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, o PP decidiu votar a favor do afastamento dela.

Ele disse esperar que o próprio partido vote com "unidade" e gostaria -sem fazer qualquer ameaça- que deputados que já se posicionaram a favor da admissibilidade, como Esperidião Amin (SC), revejam a sua posição.

Amin foi trocado pelo deputado Toninho Pinheiro (PP-MG) na CCJ. O partido tem 6 titulares na comissão e 47 deputados ao todo.

O senador não quis fazer qualquer consideração sobre como seria a relação do PP em uma eventual gestão Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara, como presidente da República, no caso de afastamento de Temer. Ele disse que isso não vai ocorrer no momento. "Aí não tem como falar."

Lava Jato

Dirigente do partido com um número expressivo de parlamentares investigados na operação Lava Jato, inclusive ele, Ciro Nogueira disse que essa é uma situação com a qual todos têm de conviver.

Ele destacou que, embora o instrumento da delação premiada seja "importantíssimo", as delações tornam-se uma "situação sem fim", porque toda a hora aparece um novo colaborador.

"É uma situação que estamos vivendo há três anos e vamos conviver por mais dez com isso", disse. "É delator em cima de delator e, desse jeito, só vai sobrar o porteiro", completou.

Para o presidente do PP, é preciso que essa situação não paralise o país, uma vez que todos os homens públicos e partidos com importância estão envolvidos na operação. Ele cobrou "serenidade" e "agilidade" para que as investigações tenham uma conclusão.

"É muito mais fácil acusar do que inocentar, acusa o senador tal de alguma coisa, mas 99 por cento das pessoas acusadas ninguém é denunciada porque não tem prova", disse.

A entrevista do senador foi concedida na manhã desta quarta-feira, portanto, antes da divulgação referente à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ciro Nogueira elogiou a postura da subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, candidata a suceder Janot, que passou por sabatinada nesta quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e teve o nome aprovado.

O senador disse ter considerado uma "excelente sinalização" o fato de ela ter dito que vai trabalhar para evitar o vazamento de informações de delações. Mas, numa cutucada ao Ministério Público Federal, fez uma ressalva ao considerar que é um "absurdo" uma pessoa dizer que vai fazer algo que está na própria lei.

O senador, que recebeu visita dela, disse que a considerou "muito comedida" e que não quer holofote a todo custo.

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