Dengue: agente de saúde faz fumegação para combater proliferação do mosquito transmissor da dengue em escola (Jorge Adorno/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 10 de junho de 2022 às 13h30.
Apenas esse ano, 54 pessoas já morreram em decorrência da dengue no Rio Grande do Sul, segundo dados da secretaria estadual de saúde. Em 2022, foram notificados 72.135 casos suspeitos da doença, com confirmação laboratorial em 38.431 pacientes; 5.610 tiveram resultado inconclusivo, 16.447 seguem em investigação e 11.617 foram descartados.
Os casos confirmados deste ano superam em 262% os diagnósticos positivos de 2021, quando 10.589 pacientes foram acometidos pela doença. Em relação às mortes, houve um aumento de 390%, passando de 11 óbitos em todo o ano passado, para 54 até agora em 2022.
Os mais afetados pela dengue no Rio Grande do Sul esse ano foram pessoas jovens das faixas etárias de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos — cada uma com mais de 6 mil casos confirmados. As mulheres representam 53,49% das infectadas.
O painel da secretaria estadual de saúde do Rio Grande do Sul mostra que os números da doença em 2022 são os maiores pelo menos desde 2015, último ano disponível para comparação.
Dos 497 municípios do estado, 447 já tiveram casos de dengue este ano e 25 registraram mortes: Igrejinha (6); Novo Hamburgo (6); Horizontina (5); Porto Alegre (4); Lajeado (4); Jaboticaba (3); Rondinha (3); São Leopoldo (3); Boa Vista do Buricá (2); Cachoeira do Sul (2); Parobé (2); Ametista do Sul (1); Chapada (1); Condor (1); Cristal do Sul (1); Dois Irmãos (1); Erechim (1); Estância Velha (1); Nova Candelária (1); Nova Hartz (1); Novo Machado (1); Putinga (1); Santa Rosa (1); Sapucaia do Sul (1); Seberi (1).
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Segundo André Siqueira, infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, todo o Brasil está sofrendo com os casos de dengue. Como a região Sul não tem histórico de grandes surtos, a população está mais vulnerável às doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
"Uma vez estabelecida uma alta transmissão, é importante que os serviços de saúde se preparem para reconhecer os casos suspeitos de dengue, treinem os profissionais de saúde para identificarem os sinais de alarme e de gravidade, que devem ser condizidos de maneira adequada. Não temos um tratamento específico para a doença, mas se os pacientes forem tratados com hidratação e monitoramento adequado, a letalidade da dengue reduz bastante. Como no Rio Grande do Sul os profissionais não têm tanta experiência com a doença, é importante reforçar essa medida. A secretaria de saúde tem que dispor de plano de contingência para lidar com esse aumento do número de casos", afirma Siqueira.
Os casos de dengue costumam ser maiores durante o verão, quando as chuvas são frequentes e a temperatura mais elevada favorece a proliferação de mosquitos. No entanto, Siqueira reforça que a água limpa e parada é o principal fator para o desenvolvimento do vetor: com o aumento das chuvas nas últimas semanas, o risco de novos focos aumenta. Ele afirma que o Aedes aegypti tem grande capacidade adaptativa e consegue se multiplicar mesmo em temperaturas mais amenas.
O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mais recente (publicado em 6 de junho, com dados até 28 de maio), mostra que o Brasil teve 1.036.505 casos prováveis de dengue este ano. Isso representa um aumento de 191,3% nos casos quando comparados com o mesmo período de 2021. Em comparação com o ano de 2019, houve redução de 8,9% de casos registrados para o mesmo período analisado.
A taxa de incidência de dengue no Brasil é de 485,9 casos por 100 mil habitantes. Para o ano de 2022, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência da doença, com 1.473 casos/100 mil hab., seguida das Regiões: Sul (884 casos/100 mil hab.), Sudeste (394,4 casos/100 mil hab.), Norte (202 casos/100 mil hab.) e Nordeste (225,3 casos/100 mil hab.).
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Até o momento, foram confirmados 438 óbitos por dengue, sendo 383 por critério laboratorial e 55 por critério clínico epidemiológico. Os estados que apresentaram o maior número de óbitos foram: São Paulo (156), Santa Catarina (48), Rio Grande do Sul (44), Goiás (42) e Paraná (34). Permanecem em investigação outros 364 óbitos. A última atualização destes dados ocorreu em 28 de maio, o que justifica a diferença de 10 mortes no RS.
Siqueira orienta que os brasileiros de todas as regiões do país busquem focos do mosquito pelo menos uma vez por semana. Como o ciclo de formação do Aedes aegypti leva de 7 a 10 dias, o cuidado o semanal já é eficaz na luta contra as doenças provocadas pelo vetor. Além de dengue, a espécie transmite também chigungunha e zika.
A principal forma de evitar a proliferação do mosquito é evitando o acúmulo de água em locais abertos. Veja algumas recomendações da Unicef para combater o Aedes aegypti:
(Agência O Globo)