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Delegada pede proteção para vítima de estupro coletivo

Segundo a delegada, a vítima de estupro tem sofrido ameaças de morte pelos criminosos que ainda não foram presos

Estupro: no dia do crime, a polícia chegou a prender dois menores, mas outros oito agressores fugiram (KatarzynaBialasiewicz/Thinkstock)

Estupro: no dia do crime, a polícia chegou a prender dois menores, mas outros oito agressores fugiram (KatarzynaBialasiewicz/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 07h41.

Rio - A delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher em São Gonçalo, Débora Rodrigues, vai pedir a inclusão da mulher que foi vítima de estupro coletivo na última segunda-feira (17) no bairro da Lagoinha no Programa de Proteção à Testemunha. Segundo a delegada, ela vem sendo ameaçada de morte pelos criminosos que ainda não foram presos.

"Tendo em vista que ela denunciou traficantes do local, entendo que o caso é muito grave. Depois que fez o registro (da ocorrência) ela passou a ser ameaçada", disse a delegada.

O pedido será encaminhado nesta segunda-feira (24) à subsecretaria de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos, mas a vítima já está afastada de São Gonçalo para que sua segurança seja preservada.

Aos 34 anos, a mulher tem três filhas e este foi o quarto ataque que sofreu do mesmo grupo. "Infelizmente é um crime muito comum na região", disse a delegada. O município de São Gonçalo fica na região metropolitana do Rio.

No dia do crime, a polícia chegou a prender dois menores, mas outros oito agressores fugiram. As ameaças provavelmente partiram desses homens. Um deles afirma ser gerente do tráfico no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, bairro da zona norte carioca.

Neste domingo, policiais da DEAM-São Gonçalo percorreram os locais do crime, passando pelo bar onde tudo começou e seguiram até a rua deserta e escura onde ela foi estuprada pelo grupo. A ideia era buscar vestígios do crime. A Polícia Civil também começou a ouvir testemunhas do episódio, na tentativa de identificar os demais criminosos.

A Polícia Civil e a Polícia Militar também já abriram procedimentos para investigar a conduta de seus agentes ao atenderem o caso. Conduzida à delegacia ao lado de seus agressores, a mulher voltou a ser molestada no carro da PM.

Na delegacia, o agente escreveu termos vulgares ao registrar a ocorrência, com expressões como "boquete triplo", "fizeram anal e vaginal", "não usaram camisinha, no pelo", e ainda "que a declarante só gritou quando empurraram um galho de árvore na sua bunda".

O caso foi revelado pelo jornal Extra. A vendedora, de 34 anos, foi atacada na madrugada de segunda-feira (17). Ela estava em um bar com um amigo, no bairro Lagoinha, em São Gonçalo, quando quatro jovens ligados ao tráfico da região a arrastaram para o banheiro do bar. De lá, ela foi levada para uma rua deserta e com pouca iluminação, onde passou a ser estuprada pelo grupo. Outros homens se juntaram aos demais agressores. Um carro do 7º Batalhão da PM (São Gonçalo) passou pelo local, a encontrou nua e a socorreu.

Os policiais encontraram dois adolescentes no caminho, que foram reconhecidos pela mulher e detidos. Os dois seguiram na mesma viatura que a vítima e no caminho para a 74ª Delegacia de Polícia eles voltaram a importunar a mulher. O crime só foi encaminhado à delegacia especializada depois que o caso foi revelado pela imprensa.

Ao Extra, a vendedora contou que há quatro anos um ex-namorado divulgou vídeo íntimo gravado sem consentimento na favela onde ela mora.

Depois disso, os traficantes a estupraram quatro vezes, em quatro anos. Ela não os denunciou por temer pela segurança dela e das filhas.

Na tarde de sábado (22) a vítima prestou novo depoimento e afirmou que participaram do ataque cerca de dez homens. Segundo a delegada da DEAM, a mulher está sendo assistida pela Defensoria Pública e a subsecretaria de Políticas Públicas.

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