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Delator entrega notas fiscais usadas em propina do PMDB

Executivo entregou notas fiscais usadas para cobrir movimentação de propina que teria sido destinada a Fernando Baiano, operador do PMDB no esquema de corrupção


	Operação Lava Jato: extratos indicam a movimentação de US$ 2.715.972 milhões de duas empresas de Julio Camargo
 (Divulgação / Polícia Federal)

Operação Lava Jato: extratos indicam a movimentação de US$ 2.715.972 milhões de duas empresas de Julio Camargo (Divulgação / Polícia Federal)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 20h00.

São Paulo - O executivo Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, entregou ao Ministério Público Federal duas notas fiscais usadas para "cobrir" movimentação de dinheiro de propina no exterior que teria sido destinada ao empresário Fernando Soares, o "Fernando Baiano" - apontado como operador do PMDB nos desvios de contratos de obras da Petrobras.

Os documentos foram juntados na quarta-feira, 18, aos autos da ação penal que corre na Justiça Federal, no Paraná, contra Fernando Baiano e o ex-diretor da área Internacional da estatal Nestor Cerveró.

Extratos do banco Merrill Lynch indicam a movimentação de US$ 2.715.972 milhões de duas empresas de Julio Camargo, entre os meses de outubro e novembro de 2010, para uma conta da Devonshire Global Fund, de titularidade do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato.

Os valores foram usados como "empréstimos" em favor da Devonshire para que Youssef pagasse propina devida pelo executivo para o suposto operador do PMDB na diretoria Internacional.

Fernando Baiano está preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, base da Operação Lava Jato, desde o fim do ano passado. Na delação premiada que fez, Camargo explicou que Fernando Baiano pediu propina de US$ 25 milhões para a compra de uma segunda sonda para a Petrobras, que seria instalada no Golfo do México. Pela compra da primeira sonda, instalada na África, Fernando Baiano havia levado, segundo o executivo, uma propina de US$ 15 milhões.

Camargo contou que a Samsung, de quem a Petrobras havia comprado as sondas, suspendeu uma parte do pagamento e ele ficou sem dinheiro para repassar a propina a Baiano. Ele afirmou que tentou explicar a situação ao operador, e ele lhe deu 6 meses para efetuar o pagamento.

"Alberto Youssef sugeriu ao declarante (Julio Camargo) que fizesse aportes na GFD Investimentos, alegando que precisava de recursos em tal empresa de origem conhecida, para terminar empreendimento hoteleiros", contou Camargo.

Segundo ele, foram feitos contratos simulados de investimentos entre 3 empresas de sua propriedade e a GFD. A Piemonte teria transferido R$ 8,73 milhão, a Treviso, R$ 1,85 milhão e a Auguri, R$ 1,15 milhão.

"Não sabe dizer como Alberto Youssef, na sequência, pagou estes valores a Fernando Soares, se no Brasil ou no exterior, mas Soares não reclamou ao declarante, de maneira que certamente o acerto foi feito", disse Camargo. "Para completar o pagamento de seu saldo com Fernando Soares, que era na época de aproximadamente US$ 8 milhões, efetuou pagamentos a empresas indicadas por ele no Brasil."

O PMDB nega envolvimento em práticas ilícitas.

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